terça-feira, maio 23, 2006

ENTREVISTA PAULA ESPÍRITO SANTO, TREINADORA CASA DO BENFICA CB


“As jogadoras perderam uma grande oportunidade de se sagrarem campeãs nacionais”

Paula Espírito Santo faz o balanço da experiência na estreia da Casa do Benfica em Castelo Branco no andebol feminino. Fala “numa grande oportunidade perdida de conquistar o título da 2ª divisão”, e queixa-se da ausência de jogadoras importantes nos jogos na Maia e no Porto na fase final da competição. Quanto ao futuro, nem uma palavra. A treinadora diz que, agora, “só pensa em férias”.

“Faltaram-nos jogadoras importantes em dois jogos da Fase Final”

Tribuna Desportiva- Esta foi uma época que acabou por se decidir num jogo…
Paula Espírito Santo- Foi, e acabou por correr mal. Tivemos vários problemas desde o início da época com a falta de plantel e depois, nesta fase final, tivemos a ausência de jogadoras importantíssimas em dois jogos no norte. Perdemos os dois mas fico com a sensação que, um deles, o poderíamos ter ganho.
TD- Está a falar nas derrotas nos terrenos do Maiastars e do CDUP…
PES- Exactamente. Todos conhecem o plantel… Costuma dizer-se que não há imprescindíveis, depende é do tamanho e da qualidade do plantel. Chegando ao último jogo na situação em que chegámos, reparámos que a jogadora mais velha, na primeira parte, em 10 golos da equipa ela fez 8… Era a única que corria para o contra-ataque… Ninguém ganha assim!
TD- Acha que teve influência o facto de terem querido ir em frente na Taça de Portugal?
PES- Se quer que lhe diga eu nem sequer contava chegar tão longe na Taça de Portugal. Este calendário é um autêntico absurdo, com jogos de Taça no meio dos do campeonato… Obviamente ninguém quer perder, mas eu tentei gerir o melhor possível. No jogo com o Porto Salvo a Mariana nem sequer entrou.
TD- Mas depois ainda foram dois jogos da Taça decididos no prolongamento…
PES- Nunca criei grandes expectativas na Taça de Portugal, mas a verdade é que fomos passando. Foi mais um, mais um… e quando se têm 12 ou 13 jogadoras e 3 das quais são guarda-redes… está tudo dito!
TD- A política do Colégio João de Barros foi outra. Optaram por ser eliminadas da Taça de Portugal…
PES- Mas o nosso percurso na Taça acontece um pouco por acaso. Eu nem fazia questão em ganhar, e a prova é que não utilizei a Mariana num dos jogos. Isto provocou 7 jogos numa semana e meia, e com o plantel que tenho… Reparem para o tamanho do plantel do Colégio João de Barros.
TD- Perdeu-se uma boa oportunidade para serem campeãs nacionais…
PES- Sim, estas jogadoras, pela primeira vez na vida, estavam a lutar para ser campeãs, mesmo sabendo que para o ano não vai haver divisões, uma vez que vai haver 4 zonas na chamada Divisão Única.

“O nível do andebol feminino bateu no fundo”

TD- É a favor do sistema actual ou da Divisão Única?
PES- O andebol feminino nunca esteve tão em baixo. Não me parece que o andebol feminino possa descer mais baixo do que está. Dantes tínhamos 10 ou 12 equipas na 1ª divisão e outras tantas na 2ª que começavam a competir em Outubro e seguiam até final sem jornadas duplas. Aquilo que se tem passado nos últimos anos é no mínimo anormal. Vai-se fazer um ano zero para depois se fazer uma divisão. Pode ser que sim, pode ser que finalmente se encontre o modelo, mas a qualidade vai demorar a encontrar.
TD- Ao fim e ao cabo o último jogo só impediu de fazer a festa do título…
PES- Eu fiz muitas festas, agora falando como jogadora e, ser campeã é ser campeã! Mesmo que no ano a seguir seja ano zero. Quanto ao mim, como jogadora, perdeu-se a coisa mais importante. Elas não sabem, porque nunca o foram, e este ano perderam uma grande oportunidade de poderem dizer “nós somos campeãs”.
TD- Em relação ao futuro já se pode adiantar alguma coisa?
PES- Eu tive 3 épocas muito cansativas. A última época na Juve Lis foi também de play-offs intensos, o ano passado não vale a pena falar, e este ano foi o ano zero em termos de Casa do Benfica, mas acabou por ser um ano muito desgastante, principalmente a fase final.
TD- A relação com o clube foi boa?
PES- Foi óptima. Penso que tem pernas para andar, esta época terminou agora e tem que se começar já a trabalhar, a procurar jogadoras, porque a próxima temporada vai começar mais cedo.
TD- A Paula está disposta a continuar este trabalho?
PES- Estas 3 épocas foram tão cansativas que agora só penso em férias.
TD- Mas férias temporárias ou tem vontade de parar um ano?
PES- Férias, agora quero férias. Vou apresentar os meus relatórios ao clube e só penso em férias.
Paula Espírito Santo em discurso directo, num ano em que falhou o objectivo do título nacional da 2ª Divisão. A relação como o novo clube foi boa mas, quanto ao futuro, a técnico diz que “por agora só quero pensar em férias”.

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