terça-feira, maio 30, 2006

ENTREVISTA A HUMBERTO CADETE, TREINADOR DA BOA ESPERANÇA


“Não subimos, mas ganhámos uma equipa”

Humberto Cadete gostou da temporada realizada pela Boa Esperança e, apesar de não ter sido alcançada a subida de divisão diz “ganhámos uma equipa”. Agora, e olhando já para a próxima época, “é preciso reforçar a equipa com dois ou três jogadores que sejam uma mais valia”. E para o ano sim! A ambição passa pelo regresso à 2ª divisão nacional do futsal português.

“É preciso dar continuidade ao trabalho desenvolvido este ano”

Tribuna Desportiva- A Boa Esperança fez uma segunda volta brilhante… consegue especificar onde se perdeu a subida?
Humberto Cadete- Num campeonato perde-se e ganha-se ao longo de várias jornadas. São 26 jornadas, é uma prova de regularidade e quem chega ao fim com melhor pontuação, sobe. Nós cometemos erros, em alguns jogos não fomos, nem de perto nem de longe a melhor equipa, durante muitos jogos fomos a melhor equipa, mas acabámos por perder os que tínhamos a perder e ganhar os que tínhamos a ganhar. Penso que se ganhou uma equipa para a próxima época e agora é preciso dar continuidade.
TD- Mas fica um pouco a sensação de frustração depois de 10 vitórias consecutivas não conseguir chegar lá…
HC- Quando se ganha durante tanto tempo pode pensar-se isso. Houve alguns jogos na primeira volta que poderiam ter tido outro desfecho, mas acabaram por não ter, uns por culpa nossa, outros por culpa de circunstâncias variadas, a verdade é que não se ganharam, às vezes empataram-se. No primeiro jogo perdemos 2 pontos em casa, perdemos um jogo com o Nadadouro que podíamos ter perfeitamente ganho. Mesmo o jogo com o Amarense na última jornada foi confuso. Eles mostraram que têm uma grande equipa, porque o que eu tinha visto deles estava muito áquem daquilo que eles mostraram em Castelo Branco, e por isso mereceram ganhar.

“O Chico e o André foram mais valias para a equipa”

TD- Durante a época houve alguns ajustamentos. A chegada do Chico e do André também vieram reforçar o grupo…
HC- Eu estou convencido, e sem demérito para os outros jogadores que fizeram uma época espectacular, que se o André tivesse connosco desde o princípio teria dado outra consistência ao jogo e outra confiança à equipa. As entradas do Chico e do André notaram-se, mas o futsal é feito disto, são variáveis que nós por vezes não controlamos. Tentei trazer o André desde o início mas não foi possível, só foi possível na abertura do mercado, e é com esses dados que nós temos que jogar. Quem vai para o jogo tem que jogar com as cartas que tem. Se conseguir arranjar trunfos durante o jogo, melhor.
TD- E quais são as cartas que vai ter no próximo ano?
HC- Tudo leva a crer que a equipa é só para reforçar.
TD- Já se pode falar de nomes?
HC- O campeonato terminou há pouco tempo, ainda é cedo para isso.
TD- Não vai haver grandes mudanças, portanto…
HC- Não. As equipas quando são muito mexidas ficam conturbadas, quer do ponto de vista emocional quer da organização. Esta equipa trabalhou um ano, foi-se organizando ao longo da época, foi colhendo os frutos disso, e agora vamos tentar ajustar pontualmente e tentar reforçá-la de modo a que fique mais homogénea. Há alguns elementos que ainda estão em fase de aprendizagem, estão a tentar crescer como a equipa cresceu. Agora interessa fazer apenas dois ou três ajustes pontuais.

“Há ambição de regressar à 2ª divisão no próximo ano”

TD- Vai continuar na próxima época?
HC- Não há nenhum indicador que diga o contrário. Já estamos a preparar a próxima temporada. Hoje em dia, se o jogo não for pensado na continuidade, há factores aleatórios que depois não se conseguem contornar durante a época. As equipas constroem-se ao longo dos anos, o Fundão é o exemplo disso, são processos que se desenvolvem e isso são verdadeiros projectos. Não há nenhum projecto em que a instabilidade do corpo técnico e do plantel possa ditar grandes resultados. À partida é para continuar.
TD- Nesta altura já se pode assumir como candidato à subida na próxima temporada?
HC- É evidente que, depois de termos feito o campeonato que fizemos, ter ganho a equipa que ganhámos, e se vierem os tais jogadores que venham acrescentar qualidade à equipa, teremos outros objectivos. Eu, no começo da época referi que o objectivo seria subir, mas é uma realidade que eu não conhecia o campeonato da 3ª divisão. Nunca tinha jogado neste escalão, não conhecia a maioria da equipa, só conhecia dois jogadores, um deles guarda-redes, e assim era difícil poder perspectivar. Hoje em dia não se pode dizer que somos candidatos à subida porque todos os anos aparecem equipas novas, e nós não conseguimos identificar o real valor delas. É impossível dizer que somos candidatos no início. O que podemos dizer é que há ambição de pôr a Boa Esperança onde ela esteve tantos anos, mas para isso é preciso continuidade.
O técnico que vai continuar na Boa Esperança deixa boas perspectivas em relação à próxima temporada, isto apesar dos tais factores aleatórias que refere. Apesar de não dizer declaradamente que é candidato à subida, fala da ambição de recolocar a Boa de onde caiu há um ano.

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