terça-feira, maio 23, 2006

ENTREVISTA A JOÃO MARQUES, TREINADOR DE FUTSAL DO LADOEIRO


“As coisas nem sempre correm como nós queremos”

João Marques e o “seu” Ladoeiro não tiveram uma época tão recheada de êxitos como nas duas últimas temporadas. Apesar de tudo, em termos desportivos, foi nos juniores que o clube raiano ficou áquem do esperado. A aposta era no título distrital das duas categorias, mas sabia-se que nos juvenis seria muito difícil repetir o feito do ano passado quando o Ladoeiro chegou à final da Taça Nacional onde perdeu com a Fundação Jorge Antunes. Agora há que pensar na próxima temporada, e se os juvenis não vão competir, assinala-se o regresso dos seniores à competição distrital, escalão onde já vão estar jovens que iniciaram a formação com o Mister João Marques.

“As muitas lesões impediram-nos de chegar ao título de juniores”

Tribuna Desportiva- Este ano foi um pouco diferente em termos de resultados, comparando com anos anteriores. Considera que foi uma época falhada?
João Marques- Penso que não. Acima de tudo foi um ano que valeu, nos juvenis, pela experiência competitiva que alguns jogadores que pela primeira vez estavam federados tiveram, e que acabou, de alguma forma, por ser gratificante. Além disso são jovens que se estão a trabalhar na formação, com valores e com princípios que são extremamente importantes para a prática da modalidade. E se em termos títulos os objectivos não foram atingidos, há outros mais importantes que foram, por isso, época falhada nunca foi.
TD- Nos juniores, houve jogadores importantes que estiveram muito tempo lesionados… terá sido esse o motivo de não conseguirem chegar ao título?
JM- Não tenho dúvidas nenhumas disso. Houve muitos problemas, mas também é preciso avaliar o que é que motivou esses problemas em termos físicos. Não contei com jogadores extremamente importantes durante grande parte da época e isso fez com que o conjunto não conseguisse ser regular. A equipa, ao fim da 1ª volta não tinha perdido nenhum jogo e estava isolada em 1º lugar, mas depois começaram os problemas físicos e, consequentemente os maus resultados. Mas isso não serve de desculpa, porque nós tínhamos um plantel de 12 jogadores e todos trabalhavam para serem os melhores dentro de campo. Não conseguimos resultados mas estamos de cabeça sempre levantada e a pensar no futuro.
TD- Nos juniores a Desportiva do Fundão foi um justo campeão?
JM- Penso que sim, porque foi a equipa que manteve maior regularidade durante o campeonato. O Fundão conseguiu, com as armas que tinha, ser mais regular e está de parabéns porque foi campeão.

“Nos juvenis conseguimos vitórias mais importantes que as desportivas”

TD- Nos juvenis, sabia-se que iria ser difícil repetir os êxitos das épocas anteriores, digamos que foi o ano zero, mas que agora se sabe que a equipa não vai participar no próximo ano…
JM- Quando comecei a treinar os juvenis, no primeiro ano, também não ganhámos nada, nem em termos de campeonato distrital. E nos anos seguintes chegou-se à meia-final e à final da Taça Nacional. A certeza que eu tenho é que uma equipa não se constrói num ano, nem em dois, nem às vezes em três. Há que alicerçar conhecimentos, há que incutir uma personalidade no jogador, com valores extremamente importantes para o futuro. Esse era o objectivo e que eu penso que foi conseguido. Havia gente que não tinha a mínima noção dos princípios e fundamentos de jogo em relação ao futsal, nem tão pouco das regras… Hoje já todos eles vêem futsal na televisão e já conhecem minimamente a modalidade e interessam-se por ela. Simultaneamente conseguimos que alguns melhorassem o seu rendimento nas escolas e eu penso que isso são vitórias extremamente importantes. Também gostávamos de ser campeões, mas nem sempre é possível porque as coisas não correm sempre da maneira que nós queremos.
TD- O Retaxo foi um bom campeão nos juvenis?
JM- Foi. Foi uma equipa que nos venceu sempre nos confrontos directos, embora eu entenda que o nível do campeonato de juvenis esteve um pouco abaixo de anos anteriores, com todo o respeito que todas as equipas me merecem. E isso provou-se também ao nível da selecção Distrital de sub-16. A própria fase final da Taça também não correu bem ao Retaxo, o que se calhar reflecte a forma como passamos sempre as primeiras fases sem grandes dificuldades. O Retaxo tem todas as condições para construir uma boa equipa, é preciso trabalhar com qualidade.

“É a altura certa para apostar nos seniores”

TD- No próximo ano, mantêm-se os juniores, terminam os juvenis e regressam os seniores. É o ano ideal para voltar a apostar nos seniores?
JM- É a altura de começar, porque há alguns jogadores que começaram comigo que são seniores de 1º ano. E está na altura de, mesmo alguns dos juniores, começarem a competir um pouco mais a sério, porque os campeonatos de juvenis e de juniores têm poucas equipas e, por vezes, a competição não é aquela que se desejava. Nos seniores já se proporciona maior experiência competitiva, é mais tempo de campeonato, são mais jogos e simultaneamente deixar de falar tanto nos escalões de formação e começarmos a olhar o futsal a outros níveis e com outras exigências.
TD- E com que ambições partem os seniores?
JM- O objectivo, neste primeiro ano, é fazer uma boa classificação, até porque vamos ter uma equipa bastante jovem, com alguns valores já afirmados no futsal ao nível da formação, jovens com disponibilidade para trabalhar, para aprender e esperamos no final ter a melhor classificação possível que é, como é óbvio, ser campeão distrital.
TD- Nos juniores o Ladoeiro volta a tentar o campeonato distrital…
JM- Exactamente. Isso é intocável. Em termos de juniores o único objectivo é mesmo ser campeão distrital. Vamos trabalhar muito e a sério para isso, espero que com melhor sorte que este ano. No final fazemos as contas e logo se vê, mas vamos trabalhar muito para que tudo corra bem e possamos ser campeões na próxima época.
Apesar de “apenas” dois títulos de vice-campeões distritais, o Ladoeiro continua a ser um clube de referência no futsal de formação do nosso Distrito. João Marques vai mostrar nos seniores o trabalho que começou nos juvenis.

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