segunda-feira, abril 24, 2006

ENTREVISTA A ALEXANDRE PEREIRA, AGENTE FIFA


“Uma boa gestão não se faz só com milhões”

Alexandre Pereira é o homem de quem se fala. Ele é o mentor do projecto empresarial e financeiro que está por trás do Benfica e Castelo Branco. Talvez não seja muito conhecido do comum espectador do mundo do futebol, por ser jovem, mas o projecto que vai implementar no clube albicastrense já está em curso no Odivelas, no Desportivo de Chaves e no Pontevedra, de Espanha.
Representa jogadores como os senegaleses Sougou, do Vitória de Setúbal, ou Keita, do Rio Ave, isto para além de Andy, do Benfica e Castelo Branco. Este projecto que agora dá os primeiros passos, para além do encadeamento empresarial que pode levar à criação de uma holding, no plano desportivo visa colocar o emblema da Beira Baixa na elite do futebol nacional dentro de 3, 4 anos. O objectivo é a I ou II Liga.

“O futebol já não vive de amadorismos”

Tribuna Desportiva- O que é que os sócios e adeptos do Benfica e Castelo Branco podem esperar deste projecto?
Alexandre Pereira- Podem esperar uma mudança, que é uma mudança real no mundo do futebol. Penso que todos estão de acordo que o futebol já não vive de amadorismo, temos que profissionalizar cada vez mais a colectividade, e eu, sendo também um antigo atleta profissional de futebol, e tendo em conta a realidade, vejo que tem que se mudar, criando novas sinergias económicas que serão fundos essenciais para a manutenção de um clube, porque queremos um bom futuro para o Benfica e Castelo Branco.
TD- Porquê o Benfica e Castelo Branco?
AP- Podiam ser outros clubes. Ainda no último fim-de-semana apareceu um clube, que sabia destes planos, e propôs-nos para assumirmos este projecto nesse clube. Eu simpatizei com uma pessoa que compreendeu a minha situação por causa de um jogador que eu represento e que está no Benfica e Castelo Branco, que é o Andy, infelizmente ele não está a jogar na sua posição e daí não ter trazido muita coisa ao clube, mas acho que ele é um excelente jogador, mas tem que ser bem aproveitado. Estou a falar do sr. José Manuel. Simpatizei bastante com ele, foi a primeira pessoa a quem falei do projecto, ele propôs-me outro nome para encabeçar a lista, só que essa pessoa também não aceitou e eu tive que lutar com as armas que tenho. O projecto é encabeçado pelo sr. Luiz Meira, que é uma pessoa da minha confiança, mas conseguimos também trazer muita gente de Castelo Branco para esta direcção, e vamos continuar a tentar trazer mais pessoas para o projecto.
TD- Como é que entende alguma desconfiança que foi levantada pelos sócios em relação a este projecto?
AP- Comparar-me a pessoas que têm milhões… eu sou uma pessoa mais humilde. Não tenho milhões, nem ganho milhões neste momento. Tenho um projecto que está escrito e que quer crescer aqui. Quando as pessoas me comparam a um José Veiga não podem esquecer que ele deu um campeonato ao Benfica e que tem que se louvar o seu trabalho. Quando me comparam a um Belmiro de Azevedo acho que ainda é mais positivo, porque é o maior gestor que temos em Portugal.

“Hoje são necessárias pessoas ambiciosas”

TD- Em termos desportivos é um projecto muito ambicioso. Levar o clube à elite nacional em quatro anos é possível?
AP- Eu comparo um pouco ao sr. Luís Filipe Vieira. Todos dizem que ele tem projectos ambiciosos para o Benfica, mas acho que hoje são necessárias pessoas ambiciosas. Isto não quer dizer que eu caí aqui de pára-quedas porque sou mais ambicioso que os albicastrenses. Eu quero demonstrar às pessoas que estou aqui para trabalhar e para os ajudar, e levar este projecto o mais longe possível. Claro que por trás disto está a minha empresa, a Lusoplayers, mas nós temos que conciliar os dois pólos: O Benfica e Castelo Branco e a Lusoplayers. Hoje em dia temos que nos abrir a quem nos quer ajudar.
TD- Como é que vai ser a estrutura do clube? Dirigentes a tempo inteiro?
AP- Numa primeira fase não temos ninguém a tempo inteiro porque isso era impensável. Temos pessoas que estão disponíveis a ajudar a tempo inteiro, mas se me perguntar do que é que elas vão viver, eu respondo-lhe que a empresa tem isso tudo preparado, sem mexer em fundos do Benfica e Castelo Branco. Numa segunda fase, quando todas as empresas estiverem a funcionar, é possível criar uma holding integrada por todos os grupos. Mas isso depende se os sócios querem ou não continuar com este projecto.
TD- Financeiramente como é que vai suportar esta ambição?
AP- A vertente económica é a mais fácil. Hoje em dia os jogadores também têm que se mentalizar que os clubes não têm milhões, e eles querem sobressair. Um jovem que quer vir para o Benfica e Castelo Branco para lançar a sua carreira, para depois ir para outros níveis, é bem-vindo. Vamos jogar nesse sentido. Vamos buscar jogadores e treinadores ambiciosos para avançar com o projecto. Uma boa gestão não se faz só com milhões.
TD- Para esse projecto ter pernas para andar é indispensável que a equipa fique na 2ª divisão?
AP- É óbvio… Se pegarmos no clube numa 2ª B encurta o tempo para daqui a 2 ou 3 anos estar numa II Liga, ou I, não interessa. Se for na 3ª divisão, que remédio teremos nós se não começar pela 3ª.
TD- O Leal é o seu treinador?
AP- Eu ainda não falei dele, mas é o treinador que nós pensámos para a próxima época. É uma pessoa de confiança para este projecto, teve uma carreira desportiva excelente, tanto no Sporting como na Selecção Nacional, acabou a sua carreira desportiva muito tarde e isso é de louvar, porque é sinal que a sua vida particular também foi bem gerida para poder fazer isso.
TD- Já tomaram posse, vão começar a trabalhar já?
AP- Já começámos a trabalhar há um mês e meio, desde o momento em que o sr. José Manuel nos apoiou neste projecto.
TD- Em termos desportivos qual é o primeiro passo que vão dar?
AP- Temos já a Gala marcada, que vai ser entre o fim-de-semana do final do campeonato e o fim-de-semana da Final da Taça de Portugal. Já temos aprovação das entidades que nos autorizaram a realizar esse evento, mas queremos outras iniciativas para angariar fundos para o Benfica e Castelo Branco.
Alexandre Pereira confessa que o ideal era arrancar com o projecto com o clube na II Divisão, mas não põe de parte a possibilidade de partir da 3ª Divisão, o que atrasaria tudo um ano. Um projecto ambicioso, muito vasto, tanto no plano desportivo como em todos os outros enquadramentos do clube.

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