segunda-feira, setembro 25, 2006

ENTREVISTA MÁRIO MARTINS, PRESIDENTE DO PROENÇA-A-NOVA


“Estamos no bom caminho”

O Proença-a-Nova pode orgulhar-se de ser o único clube do nosso Distrital que tem o seu plantel composto apenas por jogadores do seu concelho. Só por esse motivo já se torna um clube sui generis, mas se juntarmos a isso o facto de contar com 11 campeões distritais de juniores da última temporada integrados nos 25 elementos que compõem o plantel às ordens de José Esteves, então talvez possamos escrever sem grande margem de erro, que a equipa do pinhal é única em pelo menos dois aspectos.
Mário Martins é um presidente que sente orgulho no clube que dirige e que acredita ser este o caminho a seguir.

“Tivemos pena de não participar no Nacional de Juniores
mas já estávamos a prever esta situação”

Tribuna Desportiva- Tem orgulho quando olha para o plantel sénior e vê tanta juventude de Proença-a-Nova?
Mário Martins- Sim, é um orgulho, e foi efectivamente essa a nossa grande aposta. Sabemos que somos uma terra do interior onde não abundam os jogadores e isso dificulta-nos imenso porque temos que ir buscar jogadores fora, é que para além das dificuldades da interioridade também existem as dificuldades económicas, porque não temos meios para estar a pagar a jogadores de fora. Então fizemos esta grande aposta. Foi com grande pesar que não entrámos no Nacional de Juniores mas já estávamos a prever esta situação porque alguns seniores do ano passado, devido à sua vida profissional, confrontaram-se com o problema de não poder dar o seu melhor à equipa. Os jogadores mais velhos são importantes para transmitir confiança e motivação a estes jovens, embora nós saibamos que não lhes falta motivação, mas falta-lhes experiência. Tudo isto foi discutido com a Câmara Municipal, que é o nosso grande apoio, e pensamos que estamos no bom caminho. Este ano vai ser um pouco difícil mas a evolução vai acontecer.
TD- Aqui passa-se uma coisa curiosa, é que depois da paragem de um ano, o Proença regressa às competições distritais e, dois anos depois é campeão distrital de juniores, o que quer dizer que há juventude no concelho, e com valor…
MM- Sim, não há dúvida nenhuma que há valores no concelho. Mas também temos que reconhecer e dar mérito a quem os orientou que foi o Pedro França. Ele foi um jovem que fez parte também da nossa equipa sénior e que orientou os juniores até ao título. Sem dúvida que ele desenvolveu um bom trabalho, com muita motivação e empenho o que entusiasma muito os jogadores. Por isso mesmo eles aí estão no plantel sénior. Não tenho o França com muita pena mas, devido à sua vida profissional acabou por ter que ir para os Açores. Muitos dos valores que hoje estão nos seniores foram despoletados por ele e por isso lhe devemos bastante.
TD- Os miúdos que foram na última época campeões distritais de juniores não tiveram o prémio da participação no nacional da sua categoria mas são, ainda assim, premiados com a integração na equipa sénior e a consequente participação no Distrital sénior…
MM- Também me parece que isso é que é correcto. Nós falamos com eles, as coisas não foram feitas à toa e eles compreenderam e aceitaram perfeitamente. Isto para eles até constitui um estímulo.

“Fica a promessa de uma equipa de infantis na próxima época”

TD- A aposta na formação é para manter?
MM- Sim, é para manter e, por isso mesmo, visto que este ano não temos juniores, vamos entrar com uma equipa de juvenis exactamente para dar continuidade à nossa formação. Vamos manter também os iniciados, sabemos que não temos muitos miúdos para participar este ano, mas vamos fazer o melhor que nos for possível. Também fomos contactados para fazer já uma escola de infantis, mas dadas algumas dificuldades que temos, inclusivamente na marcação do campo e algumas dificuldades logísticas, nomeadamente em termos de transportes, deixamos essa etapa para a próxima época. Fica a promessa à Associação de Futebol, para o ano sim vamos entrar já com os infantis.
TD- Num dos comunicados da Federação Portuguesa de Futebol faz-se referência aos clubes não profissionais que estão “obrigados” a ter no plantel 10 jogadores formados nas suas escolas… o Proença deve ser dos poucos que cumpre…
MM- Se realmente nós estamos a dar a interpretação correcta ao comunicado, não há dúvida nenhuma que não haverá nenhuma outra equipa nas mesmas condições que o Proença-a-Nova, a participar com tantos jovens formados aqui.
TD- Em simultâneo tem aqui uma equipa de futuro…
MM- Essa é a grande aposta. Eu não sei como é que se pode continuar a participar nos distritais sem fazer formação. Isso é que é estranho. Economicamente isso não tem qualquer viabilidade! Nós, para garantir o futuro, temos que apostar na formação.
TD- Também tem alguma pontinha de orgulho por ter um plantel sénior composto na íntegra por jogadores do concelho de Proença-a-Nova?
MM- Sim, já o ano passado quase que foi assim, excepto uma situação, e isso é sem dúvida nenhuma um grande orgulho. Proença-a-Nova está de parabéns por toda esta juventude.
Mário Martins é um presidente orgulhoso do emblema que dirige. O Proença-a-Nova é, nesta altura, um clube que aposta forte na formação também como forma de sustentação da própria equipa sénior. O ano passado os frutos colhidos foram um título distrital de juniores mas, como este ano não há equipa de juniores, participam os juvenis e iniciados, e para o ano está já prometido o futebol de sete dos infantis. Continuem!

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