segunda-feira, novembro 06, 2006

CHICOTADA NO BENFICA CB À 7ª JORNADA


Jesus substitui Marques a pensar na subida

O Chicote bateu em Castelo Branco. Depois de uma derrota caseira com o Caranguejeira, e com apenas 7 pontos somados em outros tantos jogos, António Marques deixou o comando técnico dos encarnados sendo de imediato substituído por António Jesus, um homem que deixou boas recordações, por exemplo, e para referir apenas clubes da nossa região, no Sporting da Covilhã. O ex-guarda-redes internacional português do Vitória de Guimarães (7 internacionalizações todas em 1987), depois de há meia dúzia de anos ter deixado os serranos, passou pelo Sporting de Espinho, foi ainda adjunto de Manuel Machado nos vimaranenses e na última época subiu o Lusitânia dos Açores da 3ª para a 2ª divisão. No seu curriculum conta já com três subidas e, pela vontade que demonstra à chegada ao Benfica e Castelo Branco, quer ainda esta época chegar à 4ª ascensão da sua carreira e projectar o clube da capital da Beira Baixa para a 2ª Divisão Nacional. Tem a vantagem de conhecer metade do plantel que tem às suas ordens e será o tempo a dizer se ainda vem a tempo de conseguir uma aproximação ao topo da classificação de forma a disputar um dos dois primeiros postos que permitem a subida.

António Jesus, treinador do Benfica CB

“Vamos entrar na luta pela subida”

Tribuna Desportiva- O que é que lhe pediram para o resto do campeonato?
António Jesus- A única coisa que me pediram foi para alterar os resultados que têm acontecido. Sei que a equipa tem sido bastante infeliz, porque tem criado oportunidades para marcar, mas por isto ou por aquilo as bolas não entram. Conheço metade deste plantel, sei que são jogadores experientes e acredito que, apesar da desvantagem já ser um bocado alargada para os primeiros, e como estamos num campeonato cada vez mais equilibrado, acredito que a nossa tarefa vai ser muito difícil mas não é impossível porque ainda nem acabou o primeiro terço do campeonato. Tem tudo a ver com a atitude dos jogadores dentro do campo porque, mais que jogar bem nesta primeira fase, há que ser pragmático, vencer as partidas para subirmos na tabela e os índices de confiança aumentarem, porque depois é que podemos ombrear com as melhores equipas desta série.
TD- Isso quer dizer que pensa na subida de divisão…
AJ- Claro que penso. Pela tradição do clube temos que subir e sair deste sobe e desce constante que tem acompanhado esta equipa ultimamente. Mas o mais importante agora é trazer a equipa para lugares mais próximos dos lugares cimeiros, e depois de eu conhecer bem a minha equipa de certeza que vamos ficar num plano de igualdade com os mais favoritos a vencer esta zona.
TD- O que é que o seu antecessor lhe disse, para além da falta de sorte?
AJ- Disse-me algumas coisas que podem ser importantes no início, porque falou da qualidade do plantel, das opções que tinha, da forma como vinha a jogar, porque também não posso alterar tudo de um momento para o outro, e disse-me também para contar com uma série equilibrada, onde há equipas boas, falou-me no caso do Peniche. Neste início temos que fazer do espírito de cada jogo uma final onde os pontos serão importantes e decisivos se queremos pensar meter-nos na guerra pela subida.
TD- E é um regresso à Beira Baixa, só trocou o verde pelo vermelho…
AJ- É uma questão de cor. Mas são duas cores boas… O regresso é de grande satisfação porque já esteve para acontecer dois anos depois de sair da Covilhã e depois também esteve para acontecer na última descida do Alcains. Aconteceu agora e na sequência de um namoro que também já um bocado antigo. As primeiras mensagens e os primeiros telefonemas que tive foram de pessoas que me tentaram contactar há uns anos atrás para Castelo Branco e que agora ficaram contentes por cá estar. Agora à que dar início ao trabalho.

João Paulo Nunes, vice-presidente para o futebol do Benfica CB

“Uma chicotada para servir de abanão”

Tribuna Desportiva- Uma substituição de treinador à 7ª jornada, este era um problema que certamente não estava previsto…
João Paulo Nunes- Não, até porque o António Marques foi uma aposta minha, e é com muita pena que tivemos que chegar a esta solução. Fui abordado por várias pessoas da estrutura do clube no sentido de fazer uma mudança. Optámos por esta substituição que acabou por não ser um processo difícil. O professor não complicou a vida a ninguém, ele estava à 3 anos no clube e quer o melhor para o Benfica. Tivemos uma conversa entre dois amigos e resolvemos as coisas assim, para bem de todos.
TD- Além dos resultados o que é que correu mal com o António Marques?
JPN- Eu penso que, se calhar, foram mesmo só os resultados. Até hoje ainda não vi nenhuma equipa melhor que nós, vi foi equipas com mais atitude, mais garra, mas como se sabe os treinadores vivem dos resultados e esse foi o problema dele.
TD- Essa atitude e garra… é uma crítica para dentro do balneário?
JPN- Claramente. Não é nada que eu não tivesse já dito aos jogadores, em certos jogos eles não deram aquilo que poderiam dar.
TD- Isso também quer dizer que é mais fácil substituir um do que 23…
JPN- Não passa por aí. Isto é um abanão, mas não está fora de questão, se não houver outra atitude nos próximos tempos, resolvermos as coisas de outra forma e sermos mais duros.
TD- António Jesus foi a primeira escolha?
JPN- Foi das primeiras. Nós tínhamos um leque de treinadores, confrontámos as pessoas e acaba por ser porque não foi difícil chegarmos a um acordo com ele. Ele está dentro da realidade do futebol actual e em 20 minutos, via telefone, conseguimos chegar a um acordo. Vamos desejar-lhe boa sorte.
TD- O que é que lhe foi pedido?
JPN- Para fazer o melhor campeonato possível. Não vamos esconder que já estamos longe dos primeiros lugares, sabemos que não é impossível mas é difícil, mas vamos pensar jogo a jogo.
TD- O Leonido Afonso fica na equipa técnica?
JPN- A equipa técnica é constituída pelo António Jesus e pelo Leonido.
TD- Se não tem havido o aval dos sócios para a venda do terreno, António Jesus seria, da mesma forma, o treinador do Benfica?
JPN- Não tem nada uma coisa a ver com a outra. Eu, se calhar, há uma semana atrás, também entendia que certos nomes eram impensáveis para o Benfica e Castelo Branco, e agora mudei de opinião. O António Jesus não é um treinador caro para nós. Ele enquadrou-se nos números que nós tínhamos para uma possível aquisição de um treinador e fizemos o acordo.
TD- É um treinador mais caro que o professor Marques?
JPN- É um treinador ao nível do professor Marques.

António Marques, ex-treinador do Benfica CB

“Treinar atrás das balizas
limitou muito o meu trabalho”

Tribuna Desportiva- Este é um caso típico da corda partir pelo lado mais fraco?António Marques- Quero dizer que o acordo para a minha saída foi fácil, porque eu quero é o bem do clube, e inclusivamente já falei com a pessoa que me vai substituir porque já a conhecia, e desejo-lhe a maior sorte. Eu aceitei este desafio um pouco à força, porque foi um período um bocado complicado da minha vida em termos familiares, mas aceitei sempre com o objectivo de servir o Benfica e Castelo Branco. Penso que está aqui um grupo fantástico, com um bom balneário, e o que faltou, quanto a mim, foram os resultados. Nós fomos uma equipa que começou a jogar um bom futebol, que criava situações de finalização, que é o mais difícil no futebol, mas, pouco a pouco, os níveis exibicionais da equipa caíram. Eu reconheço isso! Agora vou fazer um grande interregno porque a minha vida familiar assim o exige e felizmente tenho outra vida à espera. Dou aulas de Educação Física, que é uma coisa que eu gosto muito, e o meu projecto agora não passa por treinar nenhuma equipa, mas sim dedicar o meu tempo à família. Voltando ao Benfica, eu tentei sempre fazer o melhor, mas o que fica para a história são os resultados, e esses não foram bons. Quero só acrescentar uma coisa que não serve de desculpa, porque eu acho que nós podemos enganar os outros mas não nos conseguimos enganar a nós próprios, mas não há equipa nenhuma que consiga desenvolver o seu modelo de jogo se treina constantemente atrás das balizas. Eu acho que isto foi um óbice muito grande em termos de motivação e em termos de evolução da nossa equipa. Eu quero dizer que, na semana que antecedeu o jogo com o Caranguejeira, treinámos uma vez no campo, e na anterior treinámos também só uma vez. Não houve uma semana que treinássemos 20 minutos no campo. Volto a dizer que isto não serve de desculpa mas… a verdade é que a performance da equipa, quer em termos técnicos, tácticos ou de motivação, fica muito diminuída. Eu acho que isso é uma situação que o Benfica tem que rever. Nós, nos quatro treinos semanais, 3 eram atrás das balizas… isso é um inventar constante! Eu quero dizer que isto era um desenrascar constante! Quase todas as vezes eu vinha com uma unidade de treino preparada para o campo, e tinha que inventar um treino atrás da baliza. Para se tocar piano não se pode andar a correr à volta do piano! Mas eu assumo claramente que o Benfica e Castelo Branco devia estar noutra classificação face ao valor do plantel.

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