quarta-feira, junho 07, 2006

ASSEMBLEIA GERAL DO BENFICA CB


Comissão Administrativa para um mês

O Benfica e Castelo Branco vai ser gerido por uma Comissão Administrativa durante as próximas semanas. Esta foi a decisão saída da Assembleia-geral da última sexta-feira e que tinha como único objectivo ultrapassar a crise directiva que se abriu com a demissão do presidente Luiz Meira que tinha tomado posse em meados de Abril. A CA é composta por 3 elementos, todos eles integrantes da direcção do presidente demissionário. Domingos Farinha é o presidente, Luís Rocha o vice e João Paulo Nunes o tesoureiro.
Mas antes de se chegar a esta solução o grande assunto que marcou a reunião magna do clube encarnado foi, naturalmente, a gestão do presidente cessante, os planos do agente FIFA Alexandre Pereira e todos os aspectos que acabaram por levar ao pedido de demissão de Luiz Meira. O porta-voz da direcção foi quase sempre Domingos Farinha, e foi ele que teve oportunidade de informar a meia centena de sócios presentes do que se passou nas últimas semanas: “eu sempre disse que seria o primeiro a informar o presidente da AG se algo de anormal se passasse. Nesse sentido, aconteceram muitas coisas, desde gastos a outras coisas que não vale a pena agora referir, e por isso, nós o três, eu o Luís e o João Paulo chegámos à conclusão que, ou pedíamos nós a demissão ou então teria que a pedir o sr. Luiz Meira, porque o clube não podia suportar mais o que estava a acontecer. E depois de alguma resistência acabou por ser o presidente a pedir a demissão”.
Estas palavras iniciais praticamente resumiram o que se estava a passar dentro do clube, e depois do presidente da AG Lopes Marcelo ter acrescentado que “o presidente gastou muito combustível em nome do Benfica e Castelo Branco. A sua gestão implicava muitas deslocações… Além disso o presidente estava a trabalhar com um orçamento que era o dobro do da última temporada”, o caminho ficou aberto para as primeiras críticas vindas dos sócios. Na sala estavam presentes 3 ex-presidentes do clube, Mário Lopes, José Biqueira e José Manuel Vaz, e foi Mário Lopes um dos mais interventivos: “não podemos ser objecto de oportunistas que usaram o nome do Benfica e da própria cidade”.
Pouco a pouco iam-se conhecendo pormenores da gestão da direcção de Luiz Meira e sobre a deslocação a Nelas no dia anterior ao jogo, Domingos Farinha referiu que “o presidente propôs a situação garantindo que não traria despesas para o clube, nem deslocação, nem dormidas, nem alimentação, mas depois acabaram por aparecer as despesas de alimentação para o Benfica pagar…”.
Voltando ao presente, “as necessidades urgentes do Benfica são cerca de 30 a 35 mil euros para pagar ordenados em atraso e também para pagar a inscrição dos jogadores na Associação de Futebol de Castelo Branco da última temporada”, esclareceu Luís Rocha.
Neste ponto, José Manuel Vaz, presidente que antecedeu Luiz Meira esclareceu que “quando as pessoas não conseguem resolver os problemas a negociar com instituições bancárias é porque não têm credibilidade. Não atirem as culpas para cima da minha direcção!”.
Numa tentativa de esclarecer o imbróglio das contas Domingos Farinha referiu que “se conseguisse receber o que temos a receber as coisas estavam equilibradas. Mas os dados que tenho não são nada animadores. Nós temos batido a muitas portas mas elas vão-se fechando”.
Apesar de se mostrar pessimista a verdade é que Domingos Farinha acabou por liderar uma Comissão Administrativa que foi eleita com 30 votos favoráveis, 3 contra e 15 nulos/brancos. Os três elementos que agora integram esta CA estão já a trabalhar na próxima época e foi referido que o clube tem já compromisso com 15 jogadores embora trabalhando com um orçamento muito reduzido.
Mas esta Comissão tem por objectivo transformar-se em direcção dentro de sensivelmente um mês. Aí formar-se-á uma estrutura mais completa e mais sólida onde volta a entrar o Conselho Fiscal e a Assembleia-geral. No início do próximo mês de Julho os sócios do emblema da águia deverão voltar a ser chamados para eleger os novos corpos sociais do Benfica e Castelo Branco.

Domingos Farinha, presidente da CA do Benfica e Castelo Branco

“Já temos jogadores e estamos
em conversações com o treinador”

Tribuna Desportiva- A formação de uma Comissão Administrativa é uma solução de recurso que contam vir a transformar numa Direcção a curto prazo…
Domigos Farinha- Sim. Já encetámos contactos, já há alguns certos, outros ainda não, mas na nossa perspectiva dentro de um mês teremos uma direcção pronta para avançarmos para eleições.
TD- Neste momento têm a preparação da época em curso e, desta forma, têm mais um mês para trabalhar…
DF- A época já está minimamente preparada, já temos jogadores, a equipa técnica não está, mas estamos em conversações. Isso será objecto de apreciação pelos elementos da Comissão Administrativa e, logo que haja certezas será público.
TD- O Leal pode ser o treinador?
DF- O Leal era do outro projecto. Não vou dizer que não vem o Leal, porque até poderá vir, mas a Direcção cessante tinha números muito elevados para as posses do clube. Temos que ser realistas. Só podemos ter o que a cidade pode dar. A cidade não pode chegar ao que o anterior presidente pretendia.
TD- Pode confirmar se o contrato do Leal envolvia verbas de 2000 euros mensais?
DF- Não confirmo nem desminto.
TD- Mas ele tinha contrato assinado com o clube?
DF- Não tinha nenhum contrato assinado, pelo menos que eu tenha conhecimento.
TD- Mas se houver contrato assinado? Como vai resolver esse problema?
DF- Esse problema está resolvido à partida, porque, se foi assinado, foi sem o nosso conhecimento. Um contrato não é assinado só pelo presidente da direcção. Tem que ter pelo menos 2 assinaturas.
TD- Os 30 a 35 mil euros que fizeram referência que é urgente arranjar… têm solução para esse problema?DF- Para responder com sinceridade, de momento não. Mas estou convencido que, com os contactos que já fizemos, que vamos resolver esse problema.

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