segunda-feira, maio 14, 2007

BIDOEIRENSE- 0 BENFICA CB- 1



No último minuto, pois então!!!

Campo Outeiro Agudo, na Bidoeira de Cima
Árbitro- Joaquim Gato, auxiliado por Nuno Croino e David Bruno (Évora)
Bidoeirense- Nuno Viseu, Borges, João, Beto, Dias, Rodolfo, Neto, Morais, David, Joel e Milton
Treinador- Frederico Rasteiro
Benfica CB- Hélder Cruz (3), Salcedas (3), Miguel Vaz (3), João Peixe (3), Ricardo Viola (3), Trindade (3), Renato (3), Gervásio (3), Ricardo António (3), Alex (3) e Pipocas (3)
Treinador- António Jesus
Substituições- Morais por André Neves aos 90+1; Pipocas por Senra (3) aos 59, Salcedas por Cascavél (3) aos 67 e Ricardo Viola por Sérgio (3) aos 75
Disciplina- Amarelos a Milton aos 29 e 79, Nuno Viseu aos 85 e André Neves aos 90+3; Ricardo Viola aos 75 e Ricardo António aos 75. Vermelho por acumulação de amarelos a Milton aos 79 e vermelho directo a Hélder Cruz aos 75
Marcador- Borges (pb) aos 90

A figura do jogo- Sérgio – É um jovem guarda-redes que, inesperadamente teve oportunidade de se estrear no campeonato devido à expulsão de Hélder Cruz. O destaque merece-o, não pelo muito trabalho que teve, mas porque aos 92 minutos fez uma defesa que acabou por valer a festa da subida. Não acusou nada a responsabilidade de ter que actuar pouco mais de 15 minutos quando certamente não estaria à espera.

O Benfica CB- Nunca conseguiu ser uma equipa esclarecida no jogo, talvez por querer muito ganhar, mas os jogadores todos mostraram uma enorme garra para poderem fazer a festa já na Bidoeira. Mostrou ser claramente a melhor equipa e acabou por voltar a festejar no último minuto.

Frente ao último classificado, o Benfica e Castelo Branco tinha a grande oportunidade de não deixar a resolução da questão da subida para a derradeira jornada. A equipa não jogou bem, mas a raça e o muito querer de todo o grupo acabaram por ser recompensados com um (auto) golo que caiu do céu no último minuto.
O Benfica não precisava estar com os ouvidos no que se ia passando no União de Coimbra-Monsanto, mas pela forma como o jogo se foi desenrolando, tudo parecia indicar que seria preciso esperar por esse resultado para os encarnados saberem se a festa da subida ficava, ou não, adiada para a última jornada.
Se a nível defensivo a tarde foi sempre tranquila, principalmente para Hélder Cruz que não tinha grande trabalho, do meio campo para a frente as coisas tendiam a complicar-se, e as maiores dificuldades apareciam no último terço do terreno, não só porque Frederico Rasteiro tinha o seu meio campo defensivo muito povoado, mas também porque os extremos encarnados e os municiadores do ataque não conseguiam “pôr” bolas jogáveis nos homens mais avançados. Pipocas, Salcedas, Miguel Vaz e até mesmo Trindade bem tentavam, mas João Peixe quase que entrava em desespero por não conseguir dispor de uma boa oportunidade para bater Nuno Viseu. Na 1ª parte, fica apenas o registo para um desvio de cabeça de Peixe que levou a bola a bater na barra, e uma grande penalidade evidente cometida pelo capitão da casa que o árbitro não sancionou. Borges andou autenticamente com a bola na mão, tipo bandeja, até que o seu guarda-redes se apercebeu e lhe pegou.
Na 2ª parte o cenário não se alterou muito, mesmo com as mexidas de António Jesus. A equipa continuava a demonstrar muito querer e muita vontade de fazer a festa, mas a fórmula utilizada não parecia ser a correcta. Mesmo sem jogar bem, o Benfica fazia o suficiente para ganhar, mas aos 75 minutos surgiu uma contrariedade que podia ter complicado. O árbitro não considera uma carga sobre Ricardo António à entrada da área dos da casa e na sequência do lance Hélder Cruz joga a bola com a mão fora da sua área. Vermelho evidente mas que surgiu de uma falta não assinalada. As coisas, em termos de futebol jogado, não estavam a sair como em jogos anteriores mas aos 83 minutos a bola andou dentro da baliza do Bidoeirense, mas Joaquim Gato voltou a fazer vista grossa, isto apesar do seu auxiliar ainda ter ensaiado uma corrida para o centro do terreno assinalando golo. Era caso para dizer que “aqui há Gato”.
Aos 88 minutos Peixe tentou com um remate cruzado que desta vez saiu ao lado e em cima do minuto 90 surge o auto-golo do capitão Borges que promoveu os albicastrenses à 2ª divisão.
No penúltimo minuto de compensações, o jovem guarda-redes Sérgio também teve a sua oportunidade de brilhar, e também ele contribuir de forma decisiva para a festa, ao tirar a bola dos pés de Joel que caminhava isolado para a baliza. Uma defesa daquelas que tem tanto valor como um golo marcado.
Um jogo que valeu mais pelo resultado do que pela exibição e que faz regressar o Benfica à 2ª Divisão Nacional.

A arbitragem- Um trio muito fraquinho que, caso o Benfica não tivesse ganho, teria influência directa no resultado. Para além de faltas e faltinhas que já não se usam, não assinalou uma grande penalidade aos 34 minutos quando Borges andou autenticamente com a bola na mão dentro da sua área, e não validou um golo, que o seu assistente começou por validar, quando aos 83 minutos a bola esteve dentro da baliza de Nuno Viseu. Fraquinho para um jogo que valia uma subida de divisão.

António Jesus, treinador do Benfica e Castelo Branco

“Passei 15 dias a unir o balneário”

Tribuna Desportiva- Uma vitória difícil, outra vez com um golo no último minuto…
António Jesus- Felizmente conseguimos os nossos objectivos e estamos imensamente felizes, porque sabíamos que é sempre difícil jogar quando tem que se decidir alguma coisa. Jogar à 15ª jornada ou à 20ª qualquer um joga! É nestes jogos que se vê quem são os verdadeiros jogadores. Ao intervalo disse-lhes isso, tentei mexer um bocado com o brio deles, e eles correram bastante, não correram tão bem como nos últimos jogos, mas hoje a exibição quase que fica um bocadinho para segundo plano, uma vez que conseguimos o essencial.
TD- Disse a certa altura da época que no início alguém tentou estragar o seu trabalho e que quando terminasse o campeonato iria revelar quem foi e o que se passou. O campeonato para o Benfica termina hoje…
AJ- Eu cheguei, a Castelo Branco, não conhecia ninguém, peguei numa equipa que tinha graves problemas no balneário, havia jogadores que não se queriam equipar no mesmo balneário que outros jogadores, e havia alguém dentro do meu grupo de trabalho que trazia cá para fora as conversas que o treinador tinha com eles. E depois houve alguém, penso que um Tó qualquer coisa, que se deu ao trabalho de fazer elevar o seu grau académico, que de facto é muito superior ao meu, para tentar denegrir o trabalho e as conversas que o treinador tinha, da forma como analisava as partidas, os trabalhos que eram feitos… E tive duas semanas de muito trabalho porque senti que o grupo era mau. Estava a trabalhar com um grupo que estava desmotivado, que tinha qualidade, mas que tinha muita desconfiança entre si. Eu joguei aberto com eles sobre a minha forma de estar e de trabalhar, e eles foram-se abrindo comigo, porque desde o Trindade como treinador, desde o Miguel Vaz que foi o formador, depois passou a ser o Telmo, depois o Cascavél… andámos nisto duas semanas, a tentar limpar o balneário. O jogador que eu penso que fez isto, arrepiou caminho e ficou connosco até ao fim, mas também houve alguém que aproveitou a ingenuidade desse jogador, apesar de já não ser nenhuma criança.
TD- Mas é claro que não houve aqui uma passagem de testemunho pacífica entre os dois treinadores…
AJ- Houve… eu até estive presente na transição a convite do anterior treinador, só que depois as coisas foram para um lado que eu não estava à espera, o que me deixou bastante triste. Eu não contava com aquilo, e muito honestamente eu era incapaz de fazer aquilo a qualquer treinador, ainda por cima com uma pessoa que eu não conhecia de lado nenhum, como era o caso. Até se aproveitaram da minha relação forte com o último minuto para dizer que o Benfica e Castelo Branco não jogava nada, estava era com a sorte que não tinha anteriormente. Tudo foi pretexto para denegrir o trabalho que estava a ser feito no Benfica. O certo é que hoje estamos a festejar uma subida quando, quando eu cheguei houve um ex-presidente do clube que me pediu para eu não deixar cair “isto” nos distritais, porque a cidade não merece isso. Eu tive a ousadia de dizer que ia tentar subir e felizmente foi o que aconteceu. É evidente que os jogadores têm uma enorme palavra neste êxito, mas a direcção também, porque nunca lhes faltou com nada e eles sabem que chega o fim do mês e têm o seu ordenado. Esta foi a grande arma para a nossa recuperação neste campeonato.
TD- Isto também é uma bofetada de luva branca para alguns…
AJ- É. Eu uma vez dediquei um triunfo no Bombarral à cidade de Castelo Branco e agora dedico esta subida às pessoas da cidade. O que me disseram é que este ano já houve mais gente nos jogos do que em anos anteriores, e eu espero que para o ano continuem a acreditar nas pessoas que estão à frente do clube e que se virem mais para o Benfica, porque é um clube que tem um historial rico, é um dos embaixadores da Beira, e eu gostava de ver o Benfica a disputar outros lugares na 2ª divisão.
TD- E sabemos também que já foi convidado a continuar…
AJ- Sim, o convite já foi feito há algum tempo, havia um objectivo principal que era a subida e agora temos tempo…
TD- Mas há vontade da sua parte?
AJ- Há vontade de ambas as partes e penso que para o ano estou, de novo, a treinar o Benfica e Castelo Branco.

João Paulo Nunes, vice-presidente para o futebol do Benfica e Castelo Branco

“Um ano atribulado com final feliz”

Tribuna Desportiva- Hoje é um dia de festa, não só para os jogadores, mas também para uma direcção que viveu um ano atribulado…
João Paulo Nunes- Sim, primeiro foi uma direcção, depois uma Comissão, depois de novo direcção, mas as vitórias assim também têm outro sabor. Passamos momentos conturbados, mas conseguimos atingir um objectivo que nos propusemos no início do campeonato. As coisas não começaram a correr bem, mas a partir do momento que chegou o mister Jesus, nunca lhe exigimos a subida, mas fomos jogando jogo a jogo e chegámos à subida na penúltima jornada.
TD- E agora na 2ª divisão? O que é que já se pode adiantar?
JPN- Não há grandes novidades… Se calhar temos que pensar reduzir o orçamento e fazer contas ao que temos, e ver o que a cidade nos pode dar. Há algumas coisas alinhavadas, queríamos ficar com o mister Jesus, mas temos consciência que vai ser difícil, porque, se calhar o Benfica não tem dinheiro para lhe pagar, porque não podemos entrar em grandes loucuras e há quem lhe possa dar mais…
TD- O Jesus praticamente confirmou hoje que vai continuar em Castelo Branco…
JPN- Ainda bem, fico muito satisfeito por ouvir isso, é sinal que também nos vai dar uma oportunidade, mas também tenho consciência que merece mais e melhor, mas o Benfica tem as suas limitações.
TD- É confirmado que o Carlos Soares vai regressar e que o Oleh Prokopets vai ser jogador do Benfica?
JPN- O Carlos Soares já assinou, tínhamos um pouco em segredo por uma questão de respeito pelo clube que ele ainda representa, o Oleh tem vindo a trabalhar connosco, temos vontade que venha para os quadros do Benfica e Castelo Branco, mas temos que nos sentar à mesa com a Póvoa porque sabemos que eles querem algum dinheiro e vamos ver quanto é que nos vão pedir.
TD- O que está em causa o pagamento do Certificado internacional dele?
JPN- Sim, o pagamento do Certificado e futuros direitos sobre ele numa eventual transferência.
TD- E em relação a outros jogadores?
JPN- Não há nada. Temos um pré-acordo com alguns jogadores do plantel.
TD- E já há saídas consumadas?
JPN- Não, mas pode haver jogadores que, se houver uma redução do orçamento, o Benfica não os possa suportar. Estamos num momento difícil, a venda do terreno ajudou-nos muito e, como eu costumo dizer, não há mais terrenos para vender para o ano.
TD- A direcção está magoada com o professor António Marques?
JPN- Não. Eu disse na altura que tive pena das coisas não lhe correrem bem, sou amigo pessoal do António Marques e só lhe desejo felicidades.
TD- E sobre o que se passou na mudança de treinadores?
JPN- Soubemos de algumas coisas que saíram de dentro para fora que não deviam ter saído, mas foi tudo resolvido, mas é lógico que o mister Jesus tenha ficado magoado porque apanhou um plantel na mó de baixo e sentiu que havia alguém que estava a tentar prejudicar o seu trabalho.

Ricardo António, capitão do Benfica e Castelo Branco

“Mister Jesus mudou a mentalidade”

Tribuna Desportiva- Uma subida muito saborosa…
Ricardo António- Foi. Se nós puxarmos a cassete um pouco atrás e virmos como nós começámos o campeonato, se calhar ninguém esperava. Houve uma mudança de mentalidade a partir da chegada do mister Jesus. Havia muitos jogadores que o mister já conhecia, e isso foi essencial. Eu penso que demos as mãos e, a partir dessa altura, foi uma carreira sensacional. Perdemos apenas o jogo com o Sertanense, subimos na penúltima jornada e antes do mister chegar, se calhar, ninguém sonhava que isso era possível.
TD- O Jesus conseguiu unir um plantel desunido?
RA- Isso é complicado. Claro que houve mudanças, houve outra mentalidade, mas penso que foi determinante o facto de haver 4 ou 5 jogadores no plantel que já tinham sido treinados pelo mister noutros clubes, porque quem já tinha trabalhado com ele foi dizendo aos outros, e a união foi essencial porque houve muitos jogos que nós ganhámos na raça porque não conseguíamos jogar bem. A mudança mexeu muito com a equipa.
TD- Tem vontade de ficar mais um ano no Benfica?



RA- Tenho, fui abordado superficialmente pela direcção, as coisas agora penso que pararam à espera que se concretizasse a subida, e que agora vamos falar. O que eu sei é que vou jogar no próximo ano e espero que seja no Benfica e Castelo Branco.

Sem comentários: