segunda-feira, maio 21, 2007

BENFICA CB- 3 UNIÃO DE COIMBRA- 2


Foi preciso uma cambalhota para acabar bem

Estádio Municipal de Castelo Branco
Árbitro- Pedro Mansinho, auxiliado por José Rosado e Joaquim Rabasqueira (Évora)
Benfica CB- Sérgio (2), Cascavél (3), Salcedas (3), Miguel Vaz (3), João Peixe (4), Trindade (5), Renato (4), Ricardo Viola (4), Gervásio (3), Ricardo António (3) e Alex (3)
Treinador- António Jesus
União de Coimbra- Márcio, Paulo Soares, Reis, Lebres, Moita, Tiago, Pisco, Tavares, Luís Lopes, Alex e Carlos Luís
Treinador- Hermínio Moita
Substituições- Miguel Vaz por Edgar (2) aos 60, Gervásio por Prata (2) aos 60 e João Peixe por Tiago Marques (2) aos 75; Moita por Gonçalo aos 77, Tavares por Capim aos 86 e Carlos Luís por Gabi aos 88
Disciplina- Amarelos a Renato aos 45+1, Miguel Vaz aos 49 e Gervásio aos 51; Pisco aos 55, Carlos Luís aos 68 e Paulo Soares aos 84
Marcadores- Trindade aos 21, Renato aos 68 e João Peixe aos 74; Carlos Luís aos 13 e Lebres aos 28

A figura do jogo- Trindade – É o mais veterano da equipa mas também é dos que mais corre e dá um bom exemplo aos mais jovens. Apareceu variadíssimas vezes como um autêntico extremo esquerdo, e assim fez os passes de morte para o segundo e terceiro golo, e já tinha inaugurado o marcador com um golo pleno de oportunismo e com boa execução técnica. Fica mais uma temporada?

O Benfica CB- Estranhamente demorou muito a pegar no jogo, mesmo sabendo que o resultado já pouco ou nada interessava. Mas os jogadores não queriam despedir-se do seu público com uma derrota contra uma equipa que há muito baixou aos distritais e conseguiram uns últimos 25 minutos de boa qualidade, merecendo amplamente a vitória.

Sem nada estar em jogo, a não ser o dignificar das camisolas, o Benfica jogou diante do seu público frente a uma equipa há muito condenada aos distritais, mas depois de estar duas vezes em situação de desvantagem, acabou por corrigir o resultado com uns 25 minutos finais de muito bom nível.
Os albicastrenses começaram por mostrar os mesmos problemas e lacunas que apresentaram no jogo anterior na Bidoeira, com muita vontade de fazer rápido e bem, mas em que as coisas voltaram a não sair bem. A única diferença é que o União de Coimbra acabou por causar bem mais problemas defensivos do que aqueles que a equipa tinha sentido no jogo anterior.
Fruto disso, logo aos 13 minutos, Carlos Luís na transformação de um livre directo do lado direito do seu ataque, acabou por fazer a bola sobrevoar toda a linha defensiva encarnada e introduzir a bola directamente dentro da baliza de Sérgio, que também não ficou totalmente isento de culpas. O golo não foi sentido, até porque o Benfica sabia que ainda faltava muito tempo e que o União também tinha as suas fragilidades, e aos 21 minutos Ricardo Viola desmarcou bem Trindade que, à ponta de lança, executou um chapéu com as medidas perfeitas ao guarda-redes Márcio.
Podia pensar-se que estaria, nesta altura, feito o mais difícil mas, o União continuou a insistir no ataque e voltou a adiantar-se muito próximo da meia hora, quando Lebres aproveitou a atitude demasiado passiva da defesa encarnada para bater Sérgio. O guarda-redes que substituiu Hélder Cruz voltou a não ficar bem na fotografia ficando a clara sensação que podia ter feito mais.
A perder ao intervalo, e sem jogar bem, António Jesus sabia que tinha que pôr a equipa a fazer algo mais que faltou na etapa inicial. Apesar de estar em desvantagem, Jesus optou por proteger dois jogadores amarelados, Gervásio e Miguel Vaz, para lançar dois jovens da casa Prata e Edgar, e mais tarde Tiago Marques, isto apesar de ter a seu lado Senra e Pipocas. A ideia era permitir aos jovens encarnados que se mostrassem e que também eles entrassem na festa e curiosamente foi depois dos 65 minutos que o jogo mudou radicalmente. Foi mais ou menos por essa altura que os encarnados pegaram no jogo e embalaram, principalmente sob a batuta de Trindade, para a cambalhota no marcador. O veterano jogador encarnado vestiu autenticamente a pele de um extremo esquerdo e fabricou os dois golos que permitiram ao Benfica terminar a época em beleza. Primeiro quando centrou atrasado para Renato atirar um míssil para dentro da baliza de Márcio e seis minutos depois quando colocou a bola com conta, peso e medida na cabeça do inevitável João Peixe. Trindade a dizer que “velhos são os trapos” e a fazer aquilo que os mais novos não estavam a conseguir.
Até final pouco mais a acrescentar ao domínio encarnado, a não ser uma estranha reacção a roçar o excesso de agressividade por parte de alguns jogadores visitantes que também eles queriam terminar a época com uma vitória…

A arbitragem- Demorou muito a punir infracções duras com amarelos e quase perdia o controlo do jogo na 2ª parte. Tavares fez de tudo para ver amarelo(s), mas acabou por não conseguir porque o seu treinador apercebeu-se e tirou-o do jogo e Paulo Soares tinha que ver vermelho quando agarrou Tiago Marques pelo pescoço do lado de fora da área do União.

Discurso directo- António Jesus, treinador do Benfica CB- “Foi um jogo de festa, de final de época, tinha-lhes pedido para não se deixarem vencer nesta partida. Esta semana praticamente não treinámos, foi só festejar, e isso reflectiu-se um pouco. Além disso apanhámos uma equipa que veio para nos provocar mas acabou por ser um jogo mais ou menos agradável que valeu pela vitória”.

Domingos Farinha, Presidente do Benfica e Castelo Branco

“Só não quero voltar a descer”

Tribuna Desportiva- Como é que se sente hoje, depois de uma época com tantos problemas?
Domingos Farinha- Sinto-me uma pessoa feliz porque conseguimos atingir os objectivos, e agora temos que encarar o futuro com optimismo.
TD- Como é que vai ser o futuro? Uma vez que em princípio vai haver cortes orçamentais?
DF- Em princípio terá que haver, para podermos sair de cabeça erguida como saímos esta época. Os jogadores hoje saem daqui, e levam o dinheiro deles. Na próxima época não nos podemos exceder, e para isso tem que haver cortes no orçamento. Vamos ver até que ponto esses cortes vão ser feitos mas vamos ver, de acordo com as indicações do mister, o João Paulo é a pessoa que está directamente ligada aos jogadores e vai certamente trabalhar para termos uma equipa competitiva. O nosso objectivo para a próxima época será, se for possível, ficar acima do meio da tabela. Se não for possível, só não quero descer de divisão novamente, porque nós trabalhamos muito para organizar a equipa e, a partir de Novembro começamos a ver os frutos. Quero aproveitar para agradecer a todos, aos que estiveram antes e aos que estão agora.
TD- Financeiramente a venda do terreno também ajudo esta temporada mas, como disse o João Paulo na Bidoeira, para o ano não há mais terrenos para vender…
DF- Ajudou em parte, mas o dinheiro do terreno também serviu para pagar muitas coisas além do futebol. Não há mais terrenos para vender mas nós temos os pés bem assentes no chão e, para o ano, vamos saber conduzir o barco como conduzimos este ano. Não vamos fazer promessas, mas confiamos que a cidade nos vai ajudar.
TD- Hoje esteve aqui o presidente Joaquim Morão, esta subida também é uma maneira de cativar a Câmara…
DF- Sim, já falámos com o presidente sobre isso e agora vamos esperar para ver até onde ele nos pode ajudar.
TD- Mas já vos falou na redução dos subsídios?
DF- Não…
TD- Certamente também tem a noção que houve uma subida de divisão…
DF- Precisamente. O presidente Joaquim Morão sabe que o Benfica e Castelo Branco é a bandeira da cidade a nível de desporto e sabe que a 2ª divisão implica mais despesas que a 3ª. No entanto, nós vamos tentar manter um plantel competitivo e para isso contamos com o mister Jesus.

João Peixe, melhor marcador do Benfica e Castelo Branco

“Este emblema sempre me deu sorte”

Tribuna Desportiva- Termina hoje uma grande época com 19 golos apontados ao serviço do Benfica e Castelo Branco…
João Peixe- Sim, foi muito bom. Foi um trabalho árduo de toda a equipa técnica e de todo este grupo de trabalho. Os meus 19 golos foram o corolário de uma grande época minha, de toda a equipa, e de toda a estrutura do clube. Eu apenas estive na área para fazer aquilo que me compete, que é fazer golos. Se não fosse eu a fazê-los ficaria contente na mesma, mas é óbvio que gosto de juntar o útil ao agradável.
TD- Aos 31 anos, o Benfica reabilitou a sua carreira?
JP- Sim, sem sombra de dúvida! Foi a primeira vez que joguei na 3ª divisão, já tinha feito boas épocas na 2ª divisão, na II Liga e há já algum tempo na Super-Liga, mas já não fazia uma época a marcar tantos golos há dois ou três anos. Esta camisola e este emblema sempre me deram sorte, desde os tempos de miúdo. Vim encontrar aqui pessoas com muito querer e muita humildade que, numa altura que o clube estava na mó de baixo, puseram a sua vontade ao serviço do clube e da cidade e conseguiram reerguer um emblema com esta dimensão e este prestígio.
TD- Vai continuar a marcar golos na próxima época com este emblema?
JP- Não sei ainda. Não vou dizer que sim nem que não, porque já se sabe como é que é o futebol. A próxima semana vai ser decisiva…
TD- Mas há vontade?
JP- Há vontade mas, provavelmente, depois da época que fiz, se calhar vão aparecer propostas mais vantajosas. Mas se sair terá que ser mesmo uma proposta muito vantajosa, porque trocar por trocar, prefiro estar aqui junto dos meus amigos e destes sócios que tanto me acarinharam.
TD- O vinda do António Jesus no decorrer da época também foi claramente uma mais valia…
JP- Sem sombra de dúvida! O mister é um treinador com muita experiência, já tem algumas subidas de divisão, já conhecia alguns jogadores, outros foi-os conhecendo e fez um grande trabalho. Quando ele chegou estávamos muito pontos atrasados em relação aos lugares da subida e ele operou uma reviravolta inesquecível.

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