sábado, julho 15, 2006

ENTREVISTA JOAQUIM NETO, PRESIDENTE ARCB VALONGO


“Somos uma colectividade da cidade e do próprio concelho”

Joaquim Neto é o presidente de uma colectividade, como faz questão de preferir chamar em detrimento de clube, que trabalha na área do desporto mas que tem uma abrangência que vai para além disso. A ARCB Valongo evoluiu muito nos últimos anos, especialmente pelo bom trabalho no atletismo, no ténis e no futebol de formação. Apesar de tudo, o líder valonguense fala em dificuldades mas demonstra muita vontade em prosseguir o trabalho.

“No futebol de formação só faltou um título”

Tribuna Desportiva- O balanço que faz da temporada 2005/06 é positivo?
Joaquim Neto- Em termos gerais é, mas nós somos ambiciosos e queremos sempre fazer melhor. Já fizemos um balanço interno em relação ao futebol e penso que as coisas não correram mal. Em dois escalões ficámos em 2º lugar, noutro ficámos em 3º…
TD- Faltou um título…
JN- Exactamente. A contribuir para isso há vários factores, a sorte é um deles, e a forma como os campeonatos foram organizados. Nós já apresentamos uma sugestão à Associação de Futebol de Castelo Branco, porque entendemos que a 2ª fase dos campeonatos que a têm deve começar de novo do zero e não com metade dos pontos da 1ª fase, porque nos escalões mais jovens há influência de muitos aspectos. Basta haver dois ou três miúdos doentes num jogo para fazer toda a diferença, quando se discute, muitas vezes, o título. Como se percebe, em termos de formação, há algum desnivelamento entre as equipas que participam nos diversos campeonatos. Há equipas que se assumem logo de início como candidatas ao título, e depois há as outras que fazem o que podem. Nós também já fizemos esse percurso, agora já estamos num patamar superior. O nosso objectivo é fazer sempre melhor que a época anterior. Mas também quero dizer que a Associação do Valongo não tem só futebol, e divide as energias e os meios por muitas outras actividades, e tentar conciliar toda esta máquina é complicado, e não tem nada a ver com uma colectividade que tem apenas futebol, ou que a actividade principal é o futebol, que canaliza todos os esforços e todos os meios para essa modalidade, o que é muito diferente do Valongo, que tem desde o aeromodelismo, futebol, atletismo, ténis, isto além dos custos e dos meios. Para além disso são as pessoas. Para movimentar tudo isto são preciso pessoas…
TD- É uma colectividade que, apesar de ainda jovem na cidade de Castelo Branco, tem vindo constantemente a crescer…
JN- Sem dúvida. A todos os níveis. Nós somos uma colectividade recreativa, desportiva, cultural, que procuramos a diversidade e fazer coisas que vão desde uma festa anual a torneios de malha e de sueca. Procuramos trazer muita gente à colectividade, de ambos os sexos e de todas as idades, porque é este o espírito associativo. Isto não é um clube, é uma colectividade, e as colectividades devem ter este espírito abrangente. Nós temos sócios de todo o país e, embora sejamos do Bairro do Valongo, há muito tempo que ultrapassamos os limites do bairro. Nós hoje somos uma colectividade da cidade e inclusivamente do concelho.

“Temos que ter um crescimento sustentado”

TD- Há planos para estender ainda mais a abrangência do Valongo?
JN- Nós temos que ter um crescimento consolidado e sustentado, não podemos dar um passo maior do que a perna. Como já referi os meios são importantíssimos porque depois há toda uma logística. Isto mexe com transportes, com muita coisa que nós temos que repensar. Este ano ainda equacionamos a hipótese de avançar já com o escalão de juvenis no futebol, mas não o fizemos, não porque não tivéssemos possibilidades de o fazer, mas porque ponderamos e, para que depois não houvesse dificuldades, resolvemos não avançar. Isso mexe com espaços desportivos, com os próprios equipamentos, o nosso campo tem uma taxa de ocupação extremamente elevada, e depois temos alguma dificuldade em ir à Zona de Lazer porque, as horas chamadas nobres, todos as querem, e torna-se complicado.
TD- A aposta nas secções autónomas como o modelismo e a escola de ténis é para manter?
JN- No meu entender é uma política correcta. Nós temos que ter determinadas modalidades que são, digamos, a aposta da colectividade, e para aí temos que canalizar mais esforços e energias. Depois temos as chamadas autónomas, que são o ténis e o modelismo, que nós acarinhamos e disponibilizamos os meios possíveis, mas não podemos fazer tanta coisa. A economia do país está em crise e os clubes também estão. Nós também vivemos dos apoios particulares e das empresas. Embora os apoios da Câmara e da Junta de Freguesia sejam importantes nós não sobrevivemos só com eles. Quando surgem as possibilidades de avançar com mais uma modalidade e criar um departamento, colocamos sempre a mesma condição. Nós temos muito espaço e para não desiludir as pessoas vamos acarinhando esses projectos, e não estamos arrependidos. No ténis também nos chegou essa proposta, mas aqui era diferente porque nós tínhamos os campos. Ter os equipamentos e depois não os dinamizar, eu não acho correcto. E a verdade é que a escola de ténis e os próprios resultados têm-se visto a crescer.
Mais um presidente a falar das dificuldades que os clubes e colectividades da nossa praça estão neste momento a atravessar. Apesar de tudo a ARCB Valongo continua a ser um emblema em expansão mas nunca dando “passos maiores do que a perna”, como refere Joaquim Neto.

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