sábado, julho 15, 2006

ENTREVISTA JOÃO DANIEL, TREINADOR DO CD ALCAINS


“Não temos uma obsessão pela subida à 3ª Divisão Nacional”

João Daniel é seguramente o treinador mais jovem dos dezasseis que vão comandar as equipas do Distrital de Castelo Branco. Parte cheio de ambição mas consciente que as coisas não vão ser fáceis, até porque como refere, “vai haver um conjunto de 4 ou 5 equipas a lutar pelos primeiros lugares”. É também para esses lugares que concorre ao leme do emblema com mais história dos que disputam o nosso Distrital.

“Acredito no trabalho que vamos desenvolver”

Tribuna Desportiva- Acha uma aposta ousada um jovem pegar no Clube Desportivo de Alcains?
João Daniel- Não é que seja ousado. Esta proposta é uma oportunidade que tem riscos inerentes. Mas eu acredito no trabalho que se vai desenvolver, e não serei apenas eu a desenvolver esse trabalho, serei eu, a Direcção e todas as pessoas que trabalham no clube. Teremos que ser uma equipa a trabalhar de forma conjunta. Obviamente que eu sou a pessoa que assume as responsabilidades e, por isso, terei que assumir os riscos se as coisas vierem a correr mal. Mas eu acredito no trabalho que vamos desenvolver e vejo isto como uma oportunidade com objectivos definidos.
TD- Que Alcains é que quer montar à sua imagem?
JD- Terá que ser um Alcains competitivo e ambicioso, mas um Alcains que percebe o contexto em que se insere, e que tem uma história nos últimos anos. Não nos podemos esquecer que o Alcains esteve um ano sem competir no futebol sénior e que está novamente a retomar a aposta com resultados extremamente positivos, já que foi Campeão Distrital da 2ª Divisão, que era o objectivo. Agora estamos numa outra fase, uma 1ª Distrital em conjunto com 4 ou 5 clubes, sem desprimor para nenhum, muito habituados a este tipo de competição, com objectivos de andar nos primeiros lugares e lutar pela subida. Temos que saber adaptar-nos a isso e responder a essas exigências. Temos que fazer um trabalho assente num equilíbrio entre a continuidade dos aspectos que estão bem desenvolvidos e na melhoria de um conjunto de factores, que de acordo com um diagnóstico, necessitam de se criar e desenvolver. Nesta lógica, será também desenvolvida a relação e ligação entre o Departamento de Futebol Sénior e de Formação, numa estratégia para dar melhor suporte ao clube a médio e longo prazo. É fundamental também o apoio dos sócios e simpatizantes, bem como de toda a comunidade em geral, para o desenvolvimento não só do futebol sénior, mas de toda a instituição e das actividades que realiza.

“Encaro este desafio com responsabilidade e confiança”

TD- O João Daniel é certamente o treinador mais jovem do Distrital no clube com mais pergaminhos dos 16 participantes…
JD- O Alcains atingiu um estatuto que ninguém o pode negar, e eu também pesei isso quando tomei a minha decisão. Eu não estou a pegar no clube na 2ª Divisão B. É um contexto diferente, porque há um trabalho já realizado e vai haver uma continuidade. Com os pés bem assentes na terra, mas com ambição. Como já referi, considero ser um desafio e uma decisão que, se por um lado pode implicar alguns riscos, por outro representa uma oportunidade de desenvolver um trabalho em que acredito e para o qual o mais importante são as capacidades e competências da pessoa para desempenhar as funções de treinador. Nesse sentido creio que tenho já uma formação que me permite encarar este desafio com responsabilidade e confiança.
TD- Sente que, de alguma maneira colidiu com o Carlos Pereira?
JD- Naturalmente respeito o trabalho desenvolvido pelo Carlos que foi excelente, foi campeão, mas nós, inclusivamente tivemos uma relação de colaboração na época passada ao nível do funcionamento e utilização de recursos entre a equipa sénior e a equipa de juvenis. Quando esta situação surgiu tivemos um diálogo existindo uma compreensão e respeito mútuos, aliás, não fazendo sentido que assim não fosse.
TD- O Alcains é um candidato à subida à 3ª Divisão?
JD- Tenho a consciência das dificuldades do contexto competitivo em que o clube se insere esta época. O objectivo é desenvolver um trabalho para alcançar uma classificação nos primeiros lugares. Temos ambição e qualidade, e naturalmente queremos alcançar a melhor classificação possível, contudo esta época não temos uma obsessão pela subida à 3ª divisão, até porque considero que existem equipas com capacidade e condições para alcançar, também, uma classificação nos primeiros lugares.
Evidentemente que, pelo facto de ser o Alcains, pode haver expectativas elevadas ao nível da opinião geral das pessoas, no entanto o estatuto e a imagem só por si não conseguem alcançar objectivos, e nesse sentido é importante o trabalho de equipa consistente e consciente que o Alcains está a desenvolver.

“Não será por assumir uma candidatura que mudará a forma de trabalhar”

TD- O João Daniel não assume de uma forma clara que o objectivo é a subida de Divisão, mas o presidente fala na 3ª divisão…
JD- Eu sou ambicioso, mas estou a falar tendo conhecimento dos outros plantéis e o respeito que os outros clubes nos merecem. Só pelo facto de ser o Alcains os jogadores terão a ambição e a motivação para lutar todos os domingos pela vitória. Essa será a obrigação. Não será por assumir agora que somos ou não candidatos que irá mudar a forma de trabalhar.
TD- Quais são os outros clubes que vão disputar os primeiros lugares com o Desportivo de Alcains?
JD- Pelo passado e pelo historial, e analisando as últimas épocas, será o Fundão, o Estreito, o Vitória de Sernache, o Unhais da Serra, o Oleiros… Há uma série de clubes com muita qualidade e o campeonato é uma prova de regularidade, e é para isso que nos estamos a preparar.
TD- E qual é a sua opinião sobre este novo modelo de campeonato?
JD- Creio que foi alcançada a solução mais consensual e equilibrada, tendo em conta as características das diferentes equipas que integram a competição.
As palavras do jovem João Daniel que na próxima época vai comandar os canarinhos de Alcains no Distrital de Castelo Branco. A subida pode não ser uma obsessão, mas alguém imagina um clube com o historial do CDA a lutar por outra coisa que não seja pelo acesso à 3ª Divisão? O tempo o dirá!

ENTREVISTA A JOSÉ BERNARDINO, PRESIDENTE DO DESPORTIVO CB


“Os clubes estão todos de tanga!”

Esta conversa com o presidente do Desportivo de Castelo Branco foi mantida nos últimos dias do último mês durante a festa de encerramento da época do clube. José Bernardino já falou sobre a próxima temporada e abordou as relações que já viveram melhores dias entre o clube a que preside e a ARCB Valongo.

“Sem as entidades oficiais não é possível, neste momento, trabalhar”

Tribuna Desportiva- Esta foi uma época que não foi de ouro mas foi quase…
José Bernardino- Foi uma época espectacular tanto a nível desportivo como a nível financeiro. Penso que conseguimos cumprir, e até ultrapassar, os objectivos a que nos tínhamos proposto. Em termos desportivos a situação já foi mais do que falada, mas financeiramente esta época ultrapassou as nossas expectativas. Nós pensávamos reduzir o passivo em cerca de 20 mil euros ao longo da época, mas acabámos por conseguir reduzi-lo em 30 mil.
TD- Foi mais 50% de redução em relação ao previsto…
JB- Sim, e isso foi importante. O apoio das entidades oficiais foi decisivo porque sem elas não é possível, neste momento fazer qualquer trabalho. Os particulares e as empresas não apoiam, a cidade de Castelo Branco não apoia, e assim é complicado.
TD- Dessa forma ainda tem mais valor a redução do passivo…
JB- Quando se vive uma crise destas ainda mais valor tem. Houve uma grande contenção nas despesas, os pais dos atletas colaboraram bastante, e tem que ser assim, porque é a única solução que vai haver em termos de futuro. Têm que ser os pais dos atletas a contribuir para que eles possam praticar futebol. Nós temos o exemplo em todo o país em que os clubes estão todos de tanga. A nível sénior estou convencido que as competições vão ser muito reduzidas nos próximos 10 anos. Eu até fiquei bastante surpreso quando soube que o 5º classificado do Distrital de Portalegre é que vai representar o distrito numa prova nacional. Isso demonstra alguma coisa. Alguma coisa está mal e alguém tem que por mãos a isto, porque assim não há hipóteses de se continuar a trabalhar. Nós vamos continuar na formação e, pelo menos nestes próximos anos, é assim que vai ser.

“Hoje estou desmotivado e sem vontade de continuar”

TD- Com essa redução no passivo sujeita-se, no bom sentido, a limpar os números negativos ainda neste mandato…
JB- Neste mandato não. É praticamente impossível porque na próxima época vamos participar no Nacional de Juvenis e isso vai trazer mais despesas, ainda que o apoio especial da câmara para essa situação seja superior, acaba por ficar sempre áquem das despesas que vão ser feitas. Se ficarmos na mesma série que ficámos na última vez poderemos ter 7 ou 8 deslocações à região de Lisboa… Portanto neste mandato é impossível, até porque ele vai terminar em Dezembro. Num próximo mandato já será possível, e se por acaso eu tiver disponibilidade e saúde até poderei continuar. Se fosse hoje, apesar de estar contente com o que foi feito, muito sinceramente estava desmotivado porque vejo que as pessoas da cidade não se interessam. Eu já estou a trabalhar no apoio para a próxima época e realmente não há muito interesse. Nós não pedimos muito, pedimos coisas praticamente insignificantes mas mesmo assim há dificuldades, porque as empresas também estão mal. Desta forma não se consegue trabalhar.
TD- Em termos de época 2006/07 quais são os principais objectivos? O maior será talvez manter a equipa de juvenis nos nacionais…
JB- Sim, mas sabemos que é extremamente difícil porque, tirando aqui os distritos vizinhos de Leiria, Santarém ou Portalegre com que nós podemos ombrear, dificilmente conseguiremos tirar pontos às outras equipas, mas o nosso treinador é ambicioso, gosta de trabalhar, o próprio grupo de jogadores também é muito bom, e seria muito bom que o conseguíssemos.
TD- E nos outros escalões?
JB- Nos outros escalões é continuar a trabalhar. Os títulos também são importantes, mas não é objectivo ser campeão.
TD- Uma novidade no próximo ano será uma equipa D de Escolas…
JB- Em princípio vai ter que ser porque há muitos miúdos, mas os espaços começam a escassear. A distribuição dos campos não tem sido a melhor nestes últimos anos. Nós, inclusivamente já fizemos uma carta para a Câmara a dar conta do nosso descontentamento. Nós somos o clube que mais equipas tem e que mais atletas movimenta e temos que ter mais horas que os outros clubes da cidade. Eles também têm o seu direito, mas nós temos que ter mais que eles porque trabalhamos com mais gente e a distribuição dos campos tem que ser diferente. Em função disso é que poderemos ou não avançar com a equipa D. Há mais de 80% de possibilidades de entrar, mas de qualquer maneira vamos guardar.

“O entendimento com o Valongo, nesta altura, parece-me impossível”

TD- Uma relação que não nos parece tão saudável como noutros tempos é a relação com o Valongo. Essa relação deteriorou-se nos últimos tempos?
JB- Não. O que acontece é o seguinte: o ano passado havia um acordo que nunca chegou a ser assinado pelo João Serra e pelo Valongo que não sei que intenções tinha porque eu nessa altura já não estava na Direcção. Houve alguns jogadores que vieram para a nossa equipa de iniciados que estava no Nacional. Nós utilizamos esses jogadores e, no início da época passada fomos confrontados com uma dívida moral, mas não só moral mas também financeira porque havia o compromisso do Desportivo pagar ao treinador dos iniciados da equipa do Valongo na outra época, dívida essa que acabou por ser liquidada pelo anterior presidente pelos seus próprios meios, mas fomos confrontados com um questão moral porque eles apostavam em subir. Nós cedemos-lhes os nossos três melhores jogadores porque eles apostavam em subir, e o que aconteceu é que nem nós nem o Valongo fomos campeões. Nós, para esta época sondamos os pais dos atletas, porque já há uma ligação muito forte ao Desportivo, e eles não eram apologistas de que os seus filhos fossem para o Valongo. Criou-se aqui uma rivalidade…
TD- E nesta altura o entendimento parece-me impossível…
JB- Acho que é impossível. Eu também entendo que deve haver acordos entre os clubes, mas têm que ser os clubes todos da cidade e não só um ou dois, e apostar sempre em ter uma equipa no Nacional. Penso que também não faz grande sentido, duas equipas que estão no Distrital andarem a ceder jogadores uma à outra. E o resultado que deu foi este. Nós, na 2ª fase fizemos mais pontos que o próprio Valongo… Com os três elementos que lhes estavam emprestados por nós, se calhar éramos capazes de ter lutado pela subida. Assim nem conseguiram eles, nem nós. Para este ano decidimos não fazer isso. Dos três atletas um passa a juvenil, vai regressar ao Desportivo, e os outros dois há aqui uma situação que eu penso que eles também não agiram de uma forma correcta. Meteram uma ficha à frente dos jogadores, eles assinaram, quando não havia nada escrito nem acordado que esses jogadores continuariam no Valongo. Esses jogadores são do Desportivo. Aliás, essa é a vontade dos jogadores e dos próprios pais. Penso que não foi a maneira correcta de agir, porque nós, quando estivemos no Nacional, passamos em Dezembro a carta de desvinculação, e eles só não a utilizaram porque não tiveram equipa de juvenis. Há aqui duas maneiras de pensar diferentes. As pessoas têm que pensar bem naquilo que fazem. Neste momento o que eu posso dizer é que vou pedir a carta de desvinculação dos dois jogadores porque tenho direito a ela, e vamos entrar com a inscrição na Associação porque temos autorização dos pais, e nestas idades é isso que conta. Ainda há a agravante que um desses atletas poder ir para o Boavista. São situações que nós queremos ultrapassar e vou ter uma conversa com Valongo.

José Manuel Bernardino em discurso directo já numa abordagem à temporada 2006/07. O grande objecto do clube passa pela manutenção no Nacional de Juvenis e pela continuidade no trabalho em todos os outros escalões. No seguimento do trabalho os títulos acabarão por surgir com naturalidade.

ENTREVISTA JOAQUIM NETO, PRESIDENTE ARCB VALONGO


“Somos uma colectividade da cidade e do próprio concelho”

Joaquim Neto é o presidente de uma colectividade, como faz questão de preferir chamar em detrimento de clube, que trabalha na área do desporto mas que tem uma abrangência que vai para além disso. A ARCB Valongo evoluiu muito nos últimos anos, especialmente pelo bom trabalho no atletismo, no ténis e no futebol de formação. Apesar de tudo, o líder valonguense fala em dificuldades mas demonstra muita vontade em prosseguir o trabalho.

“No futebol de formação só faltou um título”

Tribuna Desportiva- O balanço que faz da temporada 2005/06 é positivo?
Joaquim Neto- Em termos gerais é, mas nós somos ambiciosos e queremos sempre fazer melhor. Já fizemos um balanço interno em relação ao futebol e penso que as coisas não correram mal. Em dois escalões ficámos em 2º lugar, noutro ficámos em 3º…
TD- Faltou um título…
JN- Exactamente. A contribuir para isso há vários factores, a sorte é um deles, e a forma como os campeonatos foram organizados. Nós já apresentamos uma sugestão à Associação de Futebol de Castelo Branco, porque entendemos que a 2ª fase dos campeonatos que a têm deve começar de novo do zero e não com metade dos pontos da 1ª fase, porque nos escalões mais jovens há influência de muitos aspectos. Basta haver dois ou três miúdos doentes num jogo para fazer toda a diferença, quando se discute, muitas vezes, o título. Como se percebe, em termos de formação, há algum desnivelamento entre as equipas que participam nos diversos campeonatos. Há equipas que se assumem logo de início como candidatas ao título, e depois há as outras que fazem o que podem. Nós também já fizemos esse percurso, agora já estamos num patamar superior. O nosso objectivo é fazer sempre melhor que a época anterior. Mas também quero dizer que a Associação do Valongo não tem só futebol, e divide as energias e os meios por muitas outras actividades, e tentar conciliar toda esta máquina é complicado, e não tem nada a ver com uma colectividade que tem apenas futebol, ou que a actividade principal é o futebol, que canaliza todos os esforços e todos os meios para essa modalidade, o que é muito diferente do Valongo, que tem desde o aeromodelismo, futebol, atletismo, ténis, isto além dos custos e dos meios. Para além disso são as pessoas. Para movimentar tudo isto são preciso pessoas…
TD- É uma colectividade que, apesar de ainda jovem na cidade de Castelo Branco, tem vindo constantemente a crescer…
JN- Sem dúvida. A todos os níveis. Nós somos uma colectividade recreativa, desportiva, cultural, que procuramos a diversidade e fazer coisas que vão desde uma festa anual a torneios de malha e de sueca. Procuramos trazer muita gente à colectividade, de ambos os sexos e de todas as idades, porque é este o espírito associativo. Isto não é um clube, é uma colectividade, e as colectividades devem ter este espírito abrangente. Nós temos sócios de todo o país e, embora sejamos do Bairro do Valongo, há muito tempo que ultrapassamos os limites do bairro. Nós hoje somos uma colectividade da cidade e inclusivamente do concelho.

“Temos que ter um crescimento sustentado”

TD- Há planos para estender ainda mais a abrangência do Valongo?
JN- Nós temos que ter um crescimento consolidado e sustentado, não podemos dar um passo maior do que a perna. Como já referi os meios são importantíssimos porque depois há toda uma logística. Isto mexe com transportes, com muita coisa que nós temos que repensar. Este ano ainda equacionamos a hipótese de avançar já com o escalão de juvenis no futebol, mas não o fizemos, não porque não tivéssemos possibilidades de o fazer, mas porque ponderamos e, para que depois não houvesse dificuldades, resolvemos não avançar. Isso mexe com espaços desportivos, com os próprios equipamentos, o nosso campo tem uma taxa de ocupação extremamente elevada, e depois temos alguma dificuldade em ir à Zona de Lazer porque, as horas chamadas nobres, todos as querem, e torna-se complicado.
TD- A aposta nas secções autónomas como o modelismo e a escola de ténis é para manter?
JN- No meu entender é uma política correcta. Nós temos que ter determinadas modalidades que são, digamos, a aposta da colectividade, e para aí temos que canalizar mais esforços e energias. Depois temos as chamadas autónomas, que são o ténis e o modelismo, que nós acarinhamos e disponibilizamos os meios possíveis, mas não podemos fazer tanta coisa. A economia do país está em crise e os clubes também estão. Nós também vivemos dos apoios particulares e das empresas. Embora os apoios da Câmara e da Junta de Freguesia sejam importantes nós não sobrevivemos só com eles. Quando surgem as possibilidades de avançar com mais uma modalidade e criar um departamento, colocamos sempre a mesma condição. Nós temos muito espaço e para não desiludir as pessoas vamos acarinhando esses projectos, e não estamos arrependidos. No ténis também nos chegou essa proposta, mas aqui era diferente porque nós tínhamos os campos. Ter os equipamentos e depois não os dinamizar, eu não acho correcto. E a verdade é que a escola de ténis e os próprios resultados têm-se visto a crescer.
Mais um presidente a falar das dificuldades que os clubes e colectividades da nossa praça estão neste momento a atravessar. Apesar de tudo a ARCB Valongo continua a ser um emblema em expansão mas nunca dando “passos maiores do que a perna”, como refere Joaquim Neto.

quarta-feira, julho 12, 2006

ENTREVISTA PROFESSOR JOÃO PAULO, COORDENADOR TÉCNICO DISTRITAL DO FUTEBOL DE FORMAÇÃO DA AFCB


“Continuo a acreditar no futebol espectáculo”

Depois das boas prestações das representações distritais de sub-13 no Torneio de Santa Comba Dão, onde foi alcançado um 3º lugar, e dos sub-15 no Inter-Associações Lopes da Silva, com um meritório 11º posto, o professor João Paulo comenta aqui o actual momento do panorama do futebol jovem distrital. Segundo o seleccionador distrital, “apesar de ter havido evoluções nos nossos clubes ao nível do futebol de formação, continua a faltar aumentar a qualidade e a quantidade de treino”. E como refere, “os jovens aprendem a jogar, jogando, não é a correr, porque nós não treinamos atletismo…”.

“Os nossos clubes têm que proporcionar mais tempo de prática aos jovens”

Tribuna Desportiva- Os clubes do nosso distrito continuam a trabalhar bem na formação?
Prof. João Paulo- Nós, como responsáveis pelo gabinete técnico da Associação de Futebol de Castelo Branco, gostaríamos que as coisas ainda pudessem melhorar. Não há dúvidas que, em alguns clubes, se tem notado uma melhoria qualitativa nos trabalhos realizados. No entanto, pensamos que é necessário melhorar ainda mais. Podem perguntar: como? É necessário proporcionar aos jovens mais tempo de prática. Os jovens só evoluem jogando e precisam de praticar. Nós sabemos a importância que tinha, antigamente, o futebol de rua, porque era aí que os miúdos se iniciavam e acabavam por chegar aos clubes já com um background bastante bom. Hoje não há futebol de rua e têm que ser os clubes a dotar os jovens com o repertório motor necessário. É fundamental que os nossos clubes criem condições para proporcionarem aos nossos jovens mais tempo de prática de jogo. Temos que adequar o treino aos jovens. Há clubes que têm evoluído e já fazem um trabalho meritório, no entanto, de uma forma geral, eu penso que ainda há passos a dar. As infra-estruturas têm melhorado mas ainda têm que melhorar mais. Dou-lhe o exemplo do que é feito na Madeira e nos Açores. Os governos regionais têm feito uma aposta séria para que haja desporto para todos. A Madeira é uma potência onde todas as selecções treinam semanalmente no centro de treino da Madeira. Os Açores também estão a caminhar nesse sentido. O meu colega dos Açores disse-me há dias que, em termos de infra-estruturas, eles até já têm campos a mais. E isso nota-se. Há 4 anos atrás, quando defrontávamos equipas dos Açores só não sabíamos por quantos íamos ganhar. A qualidade de jogo daquelas equipas tem evoluído de uma forma extraordinária, porque há trabalho.
TD- É uma aposta desse género que faz falta em Castelo Branco?
Prof. JP- Em Castelo Branco e no interior, de uma forma geral.
TD- Sobre a questão da interioridade… acha que as diferenças existentes entre o litoral e o interior têm sido esbatidas nos últimos tempos?
Prof. JP- Têm sido esbatidas. Isso é notório pelos resultados dos últimos torneios. Há menos diferenças mas não é só porque as equipas do interior têm evoluído. Na minha opinião também tem havido um decréscimo de qualidade por parte das selecções mais fortes. E eu dou o exemplo do Porto. Este ano, no Torneio Lopes da Silva, o Porto apresentou uma equipa claramente mais fraca em relação aos últimos anos. Basta dizer que Lisboa ganhou na final ao Porto por 6-1 e podia ter acontecido um resultado ainda mais desnivelado. Eles tiveram dificuldades tremendas para ganhar a Portalegre e a Angra do Heroísmo. As diferenças foram esbatidas porque nós melhorámos mas ainda não tanto como desejaríamos. Para ser como nós gostaríamos, tem que se proporcionar tempo de prática, e de treino, porque os jovens hoje não podem treinar apenas 2 vezes por semana, e depois ainda há equipas e treinadores que proporcionam pouco treino específico. Nós temos que treinar o jogo. Nós não treinamos atletismo. O treino não pode ser correr… tem que ser jogar futebol. Organização defensiva, ofensiva, transições, isso é que é treino, porque é o que se faz no jogo.

“Há professores de Educação Física que nunca serão bons treinadores”

TD- Deixa aí uma crítica ao trabalho que é feito nalguns clubes, trabalho esse que não tem a melhor qualidade…
Prof. JP- Sim, garantidamente. Mas também temos que dizer que sentimos um esforço de todos os dirigentes e de todos os treinadores em quererem fazer melhor. Nós temos conhecimento de clubes que treinam com duas e três equipas no mesmo campo. Assim não há treinador que consiga fazer um trabalho de qualidade! Daí eu me referir à necessidade de termos melhores meios de treino. E depois também a qualidade dos agentes desportivos tem que ser melhorada. Temos que ter melhores treinadores, melhores dirigentes…
TD- Aqui pode enquadrar-se a questão do treinador/professor e professor/treinador. Acha importante ser um professor de Educação Física a treinar os jovens atletas? Até por uma questão pedagógica?
Prof. JP- Em termos pedagógicos o ser-se professor pode ser uma vantagem. Mas eu não vou por aí. Para se ser treinador de futebol não tem que se ser obrigatoriamente professor de Educação Física. Há bons treinadores que não são professores. Assim como não concordo que tenha que se ser ex-profissional de futebol para se ser um bom treinador.
TD- Um bom jogador nem sempre dá um bom treinador…
Prof. JP- Exactamente, assim como um bom professor nem sempre é um bom treinador, porque ser treinador requer vários factores: tem que ser um líder, tem que ser um gestor… Há professores de Educação Física, e eu assumo isto que vou dizer, até porque também sou professor de Educação Física, que não serão nunca bons treinadores de futebol. Mas em termos pedagógicos não tenho dúvidas que os professores têm vantagem porque conhecem as técnicas pedagógicas, metodológicas e didácticas que lhes dá uma certa vantagem.

“Quem tiver qualidade nos processos de jogo ganha mais vezes”

TD- Falando agora das selecções distritais que participaram recentemente em dois torneios, está contente com os resultados obtidos?
Prof. JP- Sim. Logicamente que somos pessoas ambiciosas e queremos sempre melhorar. Nós apresentámos, quer num torneio, quer noutro, uma boa qualidade de jogo, elogiada por todas as Associações presentes. E isso deixa-nos extremamente orgulhosos e muito satisfeitos. No Lopes da Silva foi um pouco criticada a forma das equipas jogarem, com um futebol muito directo, com muita preocupação no resultado. Mas foi dito por um coordenador técnico e por um técnico nacional que, apesar de tudo, havia equipas que se preocupavam em jogar bem, embora nem sempre conseguindo. E o exemplo que foi dado foi Castelo Branco. Aquilo que foi dito é que, querendo jogar sempre bem, havia ali lacunas técnicas que faziam com que nem sempre fosse possível a equipa jogar bem. E é com isso que nós temos que nos preocupar.
TD- Mas hoje em dia cada vez se privilegia mais o resultado do que a exibição, e isso viu-se inclusivamente no próprio Mundial da Alemanha…
Prof. JP- Mas eu continuo a acreditar e gosto da qualidade de jogo. Entendo que quem tiver qualidade no processo defensivo, no processo ofensivo e nas transições, vai ganhar mais vezes do que perder. Nós podemos ver que a Itália, que muitos dizem que tem uma maneira de jogar cínica, tem uma organização de jogo óptima, e a verdade é que marcam sempre mais golos que os adversários, e nós temos que reflectir sobre isso, apesar do Scolari ter toda a razão quando diz que as equipas que jogam bonito foram mais cedo para casa. Mas eu continuo a acreditar no futebol espectáculo e bonito porque se não também vamos tendo cada vez menos espectadores nos campos.
TD- O 3º lugar no Torneio de Santa Comba Dão em sub-13 foi provocado pela derrota no último jogo, frente à Guarda. Curiosamente se acontecesse uma vitória Castelo Branco ganhava o torneio…
Prof. JP- Eu considero o desempenho desta selecção brilhante. Nós fizemos apenas 5 treinos, e um deles foi de triagem. Apresentamos uma qualidade de jogo muito boa, porque nós, na selecção, limitamo-nos a definir o nosso modelo de jogo e a trabalhar na organização. Nós chegamos ao último jogo com a Guarda com a possibilidade de ganhar o Torneio. Acontece que contra Viseu fizemos um jogo a todos os níveis notável, posso dizer-lhe que foi dos melhores jogos que eu vi nesta categoria de sub-13. Esse jogo foi às 18.30 e no dia seguinte às 10 horas jogámos com a Guarda, que tinha descansado na jornada anterior. Logicamente aparecemos cansados, mas não tenho dúvidas que em termos de qualidade de jogo somos superiores à Guarda. Também não fomos felizes no jogo porque sofremos dois golos em dois erros defensivos típicos da idade, e a equipa não teve depois capacidade de resposta. De qualquer forma a nossa prestação foi magnífica.
TD- No Lopes da Silva, entre 22 distritos, Castelo Branco foi 11º, mas para além disso fica o mérito de ser o 1º dos não grandes…
Prof. JP- Se formos por aí temos que estar contentes pelo facto de termos sido a primeira equipa do interior, e todos nós sabemos que as assimetrias entre litoral e interior existem, quer em número de clubes, quer em número de praticantes, quer também nas condições que as próprias associações proporcionam. Mas nós temos que reflectir sobre os acontecimentos, e aí voltamos à qualidade do treino. Em termos de atitude os jovens foram exemplares. Nós não temos nada a apontar. Na organização defensiva estivemos muito bem, excepção feita ao jogo com o Algarve em que sofremos 3 golos que não podem acontecer. Em termos ofensivos não podemos, de forma nenhuma, estar contentes. A equipa teve dificuldades na transição defesa-ataque, especialmente no 1º passe. Temos que melhorar as qualidades técnicas dos nossos jovens, e para isso é preciso trabalhar. Criámos inúmeras situações de golo que não foram concretizadas, inclusive situações de um contra zero… várias no jogo com Évora e Bragança… e isso não é azar, porque nós não gostamos de falar em azar. É ineficácia que tem que ser ultrapassada com trabalho.

“Enquanto as nossas equipas jovens treinarem 2 ou 3 vezes por semana
não temos hipóteses de nos manter nos nacionais”

TD- Para terminar, continua a haver o sobe e desce das equipas jovens do distrito que vão aos nacionais… porque é que isto continua a acontecer?
Prof. JP- Por todos os factores que já enumerei. A Associação tem feito um esforço em tornar adequados os seus quadros competitivos. Sem uma competição adequada, e sem um quadro competitivo prolongado no tempo não conseguimos manter equipas nos nacionais. Nós tínhamos, até há poucos anos, equipas a jogar 4 ou 5 meses e depois estavam o resto do ano sem jogar. Assim não se conseguem criar jogadores de qualidade. E depois os outros factores são a qualidade do treino e o número de treinos. Enquanto treinarmos 2 ou 3 vezes por semana não temos hipóteses de ficar nos campeonatos nacionais. Nós vamos competir com equipas que treinam, no mínimo, 4 vezes por semana. É por isso que as nossas equipas descem sistematicamente.
TD- Nem no nacional da 2ª divisão de juniores as nossas equipas se conseguem manter…
Prof. JP- Mas eu acho que aí nós temos condições para ter equipas nesse escalão a lutar pela subida. Claramente que temos. Não tenho dúvidas sobre isso. Este ano, até as duas equipas da 2ª divisão desceram. Temos que reflectir sobre isso…
TD- Outro motivo de reflexão é o facto de termos campeões distritais que abdicam depois da subida de divisão…
Prof. JP- Esses são outros constrangimentos que nos deixam muito tristes. Mas eu também percebo o outro lado, porque também já lá estive. Falando do caso do Proença, eles têm vários jogadores que vão estudar para fora e cada vez há menos jovens, porque a desertificação do interior é uma realidade. Põe-se então um dilema: vamos para o nacional fazer o quê? Será que temos interesse em competir no nacional onde vamos ter sempre resultados adversos? Ou interessa-nos mais pôr os jovens a disputar novamente o campeonato distrital? Isto deixa-me triste, porque não é o caminho. O que eu acho é que temos que trabalhar tanto como os outros. As nossas equipas nos nacionais de iniciados, normalmente, conseguem manter-se. Mas mantemo-nos porque aqui ainda não há grandes diferenças em termos do número de horas de treino.
TD- Dos juvenis para cima é que já faz toda a diferença…
Prof. JP- Dos juvenis em diante é que já começa a haver uma diferença notória em termo de horas de trabalho. E depois é lógico que as nossas equipas não têm a mínima possibilidade de se manterem nos nacionais. É com alguma satisfação que eu sei que, no próximo ano, a equipa de juvenis do Desportivo de Castelo Branco que vai participar no Nacional já vai trabalhar 4 vezes por semana. Isso é o mínimo. Agora é preciso criar outro tipo de condições para que a equipa se consiga manter.
O professor João Paulo numa análise pormenorizada ao futebol jovem do nosso distrito. Segundo o coordenador técnico da AFCB “continua a faltar qualidade e quantidade de treino”. Uma opinião a ter em conta, principalmente por parte dos clubes que trabalham a arte de ensinar futebol aos nossos miúdos.

ENTREVISTA LUÍS DUARTE, COORDENADOR FUT. JUVENIL ARCB VALONGO


“A tendência é fazer sempre cada vez melhor”

Luís Duarte é o coordenador do futebol juvenil de um emblema que, apesar de só trabalhar na formação há meia dúzia de anos, já é hoje uma das principais referências do nosso distrito nesta área. Esta época, a ARCB Valongo não conheceu o sabor dos títulos mas, nos campeonatos onde participou deixou boas indicações, obtendo dois 2ºs lugares e um 3º. Na hora do balanço, o responsável pelo futebol de formação classifica o desempenho do Valongo como “positivo”.

“Temos todas as condições materiais e desportivas para evoluir”

Tribuna Desportiva- Em termos de balanço de final de temporada, qual é o balanço que faz?
Luís Duarte- Eu penso que, apesar de tudo foi um balanço positivo. Conseguimos 2ºs lugares em iniciados e em escolas e um 3º lugar em infantis. Temos vindo a melhorar ao longo do tempo e o balanço tem que ser positivo. Apenas estamos na formação há 6 ou 7 anos e a tendência é fazer cada vez melhor. Temos todas as condições materiais e desportivas para evoluir todos os anos.
TD- Não fica um amargo de boca por não ter sido renovado o título de infantis?
LD- Claro que fica, mas temos que reconhecer o mérito do adversário. A equipa do Sporting da Covilhã também deu bastante luta. A 2ª fase foi muito mais equilibrada e às vezes, o factor sorte também conta muito.
TD- Continua-se a trabalhar muito bem na formação em Castelo Branco, tanto no Desportivo como no Valongo…
LD- Sim, as duas colectividades estão a fazer um trabalho óptimo, o que é preciso é dar continuidade ao que tem sido feito. Nós já temos 3 equipas de escolas, nesta próxima época ainda não, mas daqui por dois anos possivelmente teremos juvenis e a tendência é aumentar porque quem beneficia são os jovens e a própria cidade. Mas eu penso que era importante haver um entendimento entre os dois clubes da cidade ao nível do futebol de onze. Apesar disso não ser possível por enquanto vamos ver se, no futuro, isso é ou não possível.
TD- Mas o objectivo do Valongo é que exista esse entendimento com o Desportivo de Castelo Branco?
LD- O que ficou estipulado o ano passado, no início da época, é que nós iríamos ficar até aos iniciados e os miúdos transitavam depois para o Desportivo em juvenis e juniores. Ou seja, nós usufruímos dos miúdos do Desportivo durante dois anos e depois eles usufruíam dos atletas do Valongo durante quatro anos. Isso permitia-nos ter duas equipas de iniciados e eles duas equipas de juvenis e duas de juniores. A questão das transferências dá sempre chatices ao longo da época, isso era um caso de evitar. Tínhamos uma equipa sempre nos nacionais e outra sempre a lutar nos distritais.
TD- Isso no momento será difícil porque se criou uma rivalidade tal entre Desportivo e Valongo que acabam por estar equipas dos dois clubes a lutar pelo mesmo objectivo…
LD- Sim, isso é verdade, mas essa rivalidade é saudável dentro de campo. Tudo o que passa para fora do campo não é benéfico para ninguém, e muito menos para os miúdos.
“Para já o Valongo não pensa em constituir uma equipa sénior”

TD- Na formação já se viu que se trabalha bem mas, no escalão de seniores cada vez são menos as equipas. Como é que analisa esta questão?
LD- Nós só estamos interessados na formação. Apesar do futebol sénior ter impacto, dada a situação económica que o país vive isso não é possível. Temos que apostar nos mais jovens e lançar aqui o futuro para as equipas seniores.
TD- Mas há uma altura em que os miúdos chegam aos 18 anos. E depois?
LD- Para já o Valongo não pensa constituir uma equipa sénior. Um passo de cada vez. Esta direcção está a apostar forte na formação e não sei se vai apostar nos seniores. O ideal era haver um entendimento entre os clubes da cidade e cada um trabalhar o seu escalão. O Benfica e Castelo Branco ficava, por exemplo, com duas equipas de juniores, e fazia a transição para os seniores. Mas isto é apenas um exemplo daquilo que eu acho que se podia pensar.

“No futuro podemos ter aqui um Torneio Internacional”

TD- No Torneio de final de época que o Valongo organizou acabaram por surgir vitórias, tanto nas escolas como nos infantis. Qual é o balanço que faz dessa organização?
LD- Foi muito positivo. Conquistámos o 1º lugar tanto em escolas como em infantis e o 3º lugar nos dois escalões com as equipas B. A esse torneio o público aderiu em massa. Esta já é a terceira edição deste Torneio e nós vamos tentar melhorar sempre. Quem sabe se não será possível daqui a uns anos tornar este Torneio Internacional.
TD- Nesse torneio houve digamos que uma pequena vingança do Desportivo, apesar do Desportivo de Castelo Branco não apresentar a equipa A que se sagrou campeã distrital da categoria…
LD- As vinganças que há são sempre dentro do campo, nunca podem ser fora. O distrital de escolas foi muito disputado. Qualquer uma das equipas podia ter ganho o campeonato, aliás, se o campeonato começasse do zero na 2ª fase era o Valongo que era o campeão, mas as regras estavam definidas assim desde o início.
TD- Quais foram os objectivos a que se propuseram com a organização desse torneio no final de época?
LD- Acima de tudo a convivência e conhecer novas realidades de outras equipas e proporcionar aos miúdos um dia de festa.

O balanço da época desportiva do futebol de formação da ARCB Valongo feito por Luís Duarte, o coordenador deste sector do clube albicastrense. Este ano não ficou marcado pelos títulos mas o trabalho vai continuar, porque as vitórias nos campeonatos aparecerão como fruto do trabalho desenvolvido.

REUNIÃO DE CLUBES NA AFCB


Divisão única avança com unanimidade

Já está definido o calendário das provas seniores organizadas pela Associação de Futebol de Castelo Branco. Tudo ficou esclarecido e decidido numa reunião entre os clubes e a Associação que aconteceu na noite da última sexta-feira na sede do organismo máximo do futebol distrital. No dia em que terminaram as inscrições estavam inscritos doze clubes apurados para disputar a 1ª divisão: Águias do Moradal, Oleiros, Vitória de Sernache, Valverde, CD Alcains, Proença-a-Nova, Teixosense, AD Fundão, Unhais da Serra, Pedrógão de São Pedro, Póvoa de Rio de Moinhos e Atalaia do Campo e quatro para a 2ª divisão: Lardosa, Vilarregense, Orvalho e Escalos de Cima. Depois de muitas discussões sobre o formato da época 2006/07, que incluía duas possibilidades sugeridas pela AFCB, a 1ª com os 16 clubes juntos na mesma divisão, que disputariam uma 1ª fase no sistema de todos contra todos a uma volta, obrigando aqui a um sorteio, e uma 2ª fase em que jogariam os 8 primeiros a duas voltas para apurar o campeão e os 8 da 2ª metade da classificação da 1ª fase iriam disputar um troféu também a duas voltas em que os dois últimos classificados desceriam à 2ª divisão no próximo ano. Nesta proposta, que foi rejeitada pelos presentes, os clubes transitavam da 1ª para a 2ª fase da competição com 50% dos pontos conquistados com arredondamento feito por excesso. A outra possibilidade, que acabou por ser aprovada com o voto favorável de todos os clubes, acaba por ser a mais simples e até a mais lógica: um campeonato com 16 clubes com um sistema normal de todos contra todos a duas voltas. Vão ser 30 jornadas que arrancam no dia 17 de Setembro e se prolongam até dia 20 de Maio de 2007. Nas datas houve apenas uma pequena alteração sugerida pelos representantes do Vitória de Sernache e aprovada pela maioria dos clubes em relação às datas sugeridas pela Associação de Futebol de Castelo Branco, que previa o início da prova a 10 de Setembro e o final a 13 de Maio.
No que toca à Taça de Honra José Farromba, vai continuar a disputar-se nos mesmos moldes que até aqui, com a diferença que não haverá repescagens. Com 16 clubes participantes tudo começa no dia 22 de Outubro com a realização dos 8ºs de final, no dia 26 de Novembro disputam-se os jogos dos quartos-de-final e no dia 28 de Janeiro decorrem as meias-finais. A final está marcada para uma 4ª feira, dia 25 de Abril, feriado nacional.

AFCB negoceia seguros e informa-se sobre testes médicos
A Associação de Futebol de Castelo Branco, no final da reunião que juntou os clubes inscritos no campeonato distrital de seniores, informou que, no que toca aos seguros, estão a ser feitas várias consultas a diversas seguradoras com o objectivo de conseguir reduzir ao máximo os custos dos clubes. Mas segundo o secretário-geral da AFCB, Luciano de Almeida, “o ano passado conseguimos uma redução de 15% mas este ano isso não deverá ser possível”, por isso deixou o conselho aos clubes “que trabalhem com a seguradora onde conseguirem melhores condições”. Ainda segundo Luciano de Almeida, e no que toca aos exames médicos obrigatórios para os atletas, “segundo a Lei esses exames deverão ser feitos num Centro de Medicina Desportiva ou por um especialista em Medicina Desportiva. Não nos parece viável, como o ano passado não foi, que tenha que ser assim, até porque o número de profissionais de saúde habilitados para a realização destes exames não é compatível com os milhares de atletas de todas as modalidades que estão obrigados a realizar estes exames para poderem competir. Desta forma continuamos a entender que o médico de família de cada um pode fazer estes testes. Neste sentido também já consultámos a Sub-região de Saúde de Castelo Branco no sentido de sermos esclarecidos mas ainda não temos a devida resposta. Assim que a tivermos os clubes serão informados se houve ou não alguma alteração”.

FASE FINAL DO CAMPEONATO NACIONAL DE FUTEBOL DE 7


CERCI Lisboa passeia classe em Idanha e sagra-se campeã nacional

O Municipal de Idanha-a-Nova foi palco no último fim-de-semana da fase final do Campeonato Nacional de Futebol de 7 para Deficientes Mentais. Nesta fase, participaram 7 equipas, 4 que disputaram o título da 1ª Divisão, APPACDM Viseu, CERCI Lisboa, Clube Gaia e Os Especiais (Madeira) e 3 que decidiram a 2ª divisão, CERCI Mira, APPC Sul (Lisboa) e APEXA (Algarve).
Depois de no sábado se terem disputado as meias-finais, onde se apuraram para a final da 1ª divisão a CERCI (Cooperativa de Educação e Reabilitação do Cidadão Inadaptado) Lisboa, que bateu a formação de Viseu por 7-1, e o Clube Gaia que não teve dificuldade em eliminar Os Especiais por 4-1, no domingo foi o dia de todas as decisões.
Começando pela 2ª divisão, o novo campeão nacional é a equipa da CERCI Mira que bateu na final a APPC Sul por 7-3, terminando a APEXA no 3º lugar do pódio.
No principal escalão, o programa começou com o jogo de apuramento do 3º classificado. Num jogo muito equilibrado, Os Especiais e APPACDM Viseu chegaram ao fim do tempo regulamentar empatados a 2 bolas. Foi necessário recorrer às grandes penalidades para se apurar o vencedor. Nessa lotaria teve mais sorte a formação madeirense que acabou por ganhar por 6-5.
Na grande final é que não houve equilíbrio. A formação da CERCI Lisboa foi sempre mais forte, mostrando outros argumentos que o adversário não teve, e goleou os gaienses por 14-3. Pode parecer um resultado estranho mas a verdade é que na equipa lisboeta pontificam 8 (!!) jogadores que fazem parte da selecção nacional de futebol de 11 que entre 26 de Agosto e 17 de Setembro vão disputar o Campeonato do Mundo na Alemanha, precisamente nos mesmos estádios que foram palco do mundial que terminou no último domingo.
Um fim-de-semana em cheio para as 7 equipas participantes, numa organização da ANDEM (Associação Nacional de Desporto para a Deficiência Mental) e da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova e em que chegou a estar prevista a participação da equipa da APPACDM Castelo Branco que recentemente se sagrou campeã nacional de futsal. A equipa albicastrense foi convidada para substituir a formação de Miranda do Corvo na 2ª divisão mas acabou por não marcar presença.

Estádio Municipal de Idanha-a-Nova
Árbitros- Paulo Antunes e Délio Rolo
CERCI Lisboa- André Gomes, Ângelo Bernardo, Bruno Silva, Afonso Cacicire, Sérgio Henriques, João Antunes, Márcio Rola, Bruno Semedo, Hélder Araújo, Paulo Rodrigues e Ricardo Cruz
Treinador- João Pereira
Clube Gaia- Raul Soares, José Ferreira, António Nélson, Marcelo Ferreira, José Marinho, Vítor Pereira, João Ricardo, Pedro Sousa e Cristiano Pereira
Treinadora- Edite Costa
Marcadores- Bruno Semedo (2), Márcio Rola (2), Sérgio Henriques (4), Bruno Semedo (1), Bruno Silva (1), Hélder Araújo (1) e Ângelo Bernardo (3); José Marinho (1) e Vítor Pereira (2)
Disciplina- Amarelos a João Antunes, Ângelo Bernardo e Paulo Rodrigues

Professor Luís Fontinha, seleccionador nacional

“Há muita ambição antes
do início de qualquer prova”

O Professor Luís Fontinha foi, durante todo o fim-de-semana, um espectador muito atento de todos os jogos que integraram esta fase final do Campeonato Nacional de Futebol de 7 para Deficientes Mentais. O técnico vai estar com a nossa selecção de futebol de 11 no Mundial da Alemanha que vai decorrer entre 26 de Agosto e 17 de Setembro, e não perdeu a oportunidade para observar 9 dos dezoito convocados lusos que participaram na prova realizada na Idanha. Dos nove jogadores, oito integram a equipa que se sagrou campeã nacional, a CERCI Lisboa: André Gomes, Ângelo Bernardo, Sérgio Henriques, João Antunes, Márcio Rola, Bruno Semedo, Hélder Araújo e Paulo Rodrigues, o outro é o guarda-redes da equipa da Madeira, João Pontes.
Portugal, que no último Mundial disputado na Coreia e Japão se classificou numa honrosa 6ª posição, integra um grupo onde estão ainda as selecções do Brasil, da França e da África do Sul. O pontapé de saída para Portugal é no dia 1 de Setembro com os gauleses. Luís Fontinha, a poucos dias da partida para terras germânicas, referiu que “temos sempre muita ambição antes das competições começarem, mas com o decorrer da prova é que vamos ver até onde podemos chegar”. O sonho seria destronar a Inglaterra, último campeão no Mundial da Ásia, mas o técnico nacional faz questão de destacar que “nós temos uma selecção muito jovem. A média de idades é de 20 anos e 15 dos 18 jogadores não têm nenhuma experiência de grandes competições”.
Para já, em Portugal ainda não existe campeonato de futebol de 11, mas “este nacional de futebol de 7 já foi um passo em frente, uma vez que até aqui só havia campeonato de futsal, só este ano estreamos aqui na Idanha o futebol de 11”, revela Luís Fontinha.
Resta acrescentar que Portugal, no último Europeu que se realizou no nosso país, classificou-se na 4ª posição, numa prova ganha pela Holanda.Este Mundial que está prestes a ter o seu pontapé de saída tem a organização da INAS-FID, Federação Internacional para a Deficiência Mental, mas toda a estrutura é semelhante à montada pela FIFA no Mundial que terminou no último domingo. Os árbitros que vão dirigir as partidas são mesmo nomeados pelo organismo máximo do futebol mundial. Boa Sorte Portugal!

TROFÉU INTER-REGIONAL AUTOCROSS/KARTCROSS E MOTO 4


Excelentes corridas com participação record

Foi um fim-de-semana em grande para os amantes do desporto automóvel da nossa região. A 3ª prova a contar para o Troféu Inter-Regional de Autocross/Kartcross e Moto4 disputada no Parque de Desportos Motorizados de Castelo Branco contou com mais de 50 concorrentes inscritos que competiram nas diversas categorias do Troféu e Taça. E apesar do muito calor que se fez sentir durante todo o dia (de tarde os termómetros chegaram aos 40 graus), estiveram presentes cerca de três centenas de espectadores na pista.
Na prova a contar para o Troféu Inter-Regional de Moto 4, categoria Q1 (até 400 cc), o grande vencedor foi André Mendes. Em 2º lugar classificou-se Élvio António, piloto albicastrense que chegou à prova de Castelo Branco na liderança do Troféu. O último lugar do pódio foi para Nuno Azevedo. Quanto à categoria Q2 (mais de 400 cc), ganhou o líder da competição, Valério Gonçalves, deixando atrás de si João Barata e Bruno Vilela. Na Taça venceram Miguel Quiteres na Q1 e Luís Dias na categoria Q2.
No Kartcross voltou a não haver inscritos para o Troféu, registando-se apenas duas inscrições na prova da Taça que acabou por ser ganha por Vasco Pires.
No que diz respeito ao Troféu Inter-Regional de Autocross, prova muito concorrida, acabou por haver dois vencedores de alguma maneira esperados, uma vez que são os líderes do Troféu, e uma meia surpresa. Mas vamos por partes. Na tracção dianteira aconteceu vitória natural do piloto de Castelo Branco Alípio Leão, que foi seguido por Fernando Costa e por Élio Martins. Nos carros com tracção traseira também ganhou em Castelo Branco o actual comandante do Troféu, João Rabaço, do Sabugal. No segundo lugar classificou-se Fábio Raposo e no 3º Domingos Domingues. Na tracção integral aconteceu então a meia surpresa, já que o líder da competição, Pedro Rabaço, não foi além de um terceiro lugar. Rui Marques fez a festa da vitória e no lugar intermédio do pódio ficou Vítor Costa.Esta prova que tem a organização da secção de Desportos Motorizados da Associação Desportiva Penamacorense e do Clube 5 Quinas, do Sabugal, prossegue já no próximo dia 23 com prova a disputar em Penamacor.

quinta-feira, julho 06, 2006

ENTREVISTA SETÚBAL, TREINADOR DOS JUNIORES DO BENFICA CB


“Com um bom guarda-redes esta equipa estaria num patamar superior”

Não foi um campeonato nada fácil para os juniores do Benfica e Castelo Branco. Paulo Alexandre começou o trabalho com a equipa mas, já na 2ª volta da 1ª fase, acabou por deixar o comando técnico da equipa numa altura em que a classificação já deixava antever muitas dificuldades para alcançar a manutenção. Pegar numa equipa nestas condições não era fácil, mas Setúbal teve essa coragem, embora sabendo que o destino estava praticamente traçado. Em termos de resultados pouco ou nada se alterou e, inevitavelmente os juniores encarnados acabaram por cair para o distrital. Apesar do ano difícil, Setúbal mostra-se disponível para continuar a ajudar o emblema da águia e até admite continuar a treinar a equipa júnior no Distrital.

“Trabalhava nos 3 treinos semanais com 8 ou 9 jogadores”

Tribuna Desportiva- Apesar de ter feito menos de metade da época com esta equipa o que é que lhe pareceu a participação no Nacional de juniores?
Setúbal- A equipa em si é muito equilibrada. Quando eu entrei houve um ligeiro abanão, isto não quer dizer que a pessoa que estava antes de mim, o Paulo, tivesse feito um mau trabalho, só que depois houve aquela fase do jogo com a Naval. Os miúdos estavam mentalizados da falta de comparência mas depois o jogo acabou por ter que se realizar. Toda a gente que está por trás do processo reconhece que foi um erro tremendo da Federação mas a partir daí tudo se alterou. Se nós temos ido para a fase final com aqueles 3 pontos talvez a equipa não se abandalhasse tanto. Depois entrou a descrença na equipa, viu-se que estávamos muito longe dos lugares que davam manutenção e depois entramos numa fase muito complicada dos estudos deles. 90 % desta equipa anda no 12º ano, fizeram as festas deles, e entramos numa fase muito difícil. Eu trabalhava nos 3 treinos semanais sempre com 8, 9 jogadores… e a maior parte dos treinos sem nenhum guarda-redes. Um dos guarda-redes está na tropa e o outro nunca aparecia.
TD- O posto de guarda-redes foi um problema constante ao longo de toda a época…
Setúbal- Sim, esta equipa é muito boa no colectivo mas faltou uma pessoa cá atrás. Como se sabe um bom guarda-redes dá muita segurança e, com um bom guarda-redes esta equipa estaria certamente num patamar mais acima. Mas enfim… é o que há aqui na região e foi com isso que nós trabalhámos. Tenho dois guarda-redes juniores mas até tive que ir para um jogo na Marinha com um guarda-redes juvenil, e quando assim é pouco mais se pode fazer a não ser dar o melhor em prol desta equipa. Os últimos que acabaram a 2ª fase é que foram os fundamentais.

“Não estou arrependido de ter pegado na equipa,
mas só avancei para evitar o vazio”

TD- Na altura em que substituiu o Paulo Alexandre acabou por entrar porque viu que ninguém queria pegar numa equipa que praticamente já estava condenada à descida. Está arrependido desse passo que deu?
Setúbal- Não. Eu não sou de Castelo Branco mas é como se fosse, e dei sempre o máximo por este clube. Agora que estou aposentado ainda posso colaborar mais, mas dei sempre o máximo. Convidaram-me para assumir os juniores porque não havia ninguém, e eu disponibilizei-me, apesar de saber da situação complicada. Aceitei só para evitar o vazio.
TD- Eu sei que acompanhava os jogos em casa já no tempo em que o Paulo Alexandre era o treinador. Esta equipa perdeu muitos jogos, e empatou outros, em que foi claramente a melhor em campo. Esta equipa era frágil psicologicamente?
Setúbal- Não penso que seja isso. Os jogadores comentavam entre eles que o problema era a parte defensiva, do guarda-redes. Eles, como não sentiam confiança no último jogador, tinham sempre receio de atacar, porque se atacam depois têm dificuldades em recuperar para vir ajudar. Jogaram sempre mais na retaguarda. De qualquer maneira eles deram sempre o melhor e mais não se podia exigir. Se tivéssemos alternativas podíamos apostar mais num ou noutro, mas as alternativas não existiam.

“Na próxima época pode fazer-se uma boa equipa de juniores”

TD- De qualquer maneira, e apesar deste campeonato não ter corrido nada bem, há aqui jogadores que podem ser aproveitados no futuro na equipa sénior…
Setúbal- Sim, houve dois ou três que já assinaram porque já são seniores no próximo ano mas, a maior parte ainda são juniores na próxima época. Pode-se fazer uma boa equipa de juniores para o ano e depois podem dar o salto. Só que, e voltando um pouco atrás, eles são juniores de 1º ano e já andam todos no 12º ano o que leva a que a grande maioria vá sair de Castelo Branco, o que torna muito complicado aproveitá-los. Se eles ficarem em Castelo Branco muito bem, junta-se o útil ao agradável, agora se forem para fora é muito complicado porque depois não podem treinar.
TD- Parece-me pela sua conversa que está disposto a continuar a ajudar, mesmo que não seja nos juniores…
Setúbal- Sim, já disse aos directores que estou disposto a ficar, tanto faz ser nos juniores como nos seniores. Se as pessoas quiserem, estão à vontade. O que eu não quero é que me venham buscar só quando não houver mais ninguém. Isso não. Se me convidarem a tempo e horas estou disponível.
TD- Está disposto, por exemplo, a continuar com esta equipa no distrital?
Setúbal- Se for convidado terei todo o prazer.
Apesar da descida com os juniores encarnados, Setúbal mantém-se disponível não só para trabalhar onde o clube entender que ele pode ser útil, mas inclusivamente para continuar a trabalhar com esta equipa, agora de regresso ao campeonato distrital.

ENTREVISTA FILIPE ROQUE, TREINADOR DE ESCOLAS DO DESPORTIVO CB


“Há neste grupo jovens com muito futuro”

As escolas do Desportivo de Castelo Branco sagraram-se esta temporada campeãs distritais da categoria. O homem do leme foi Filipe Roque, um jovem professor de Educação Física que faz um balanço muito positivo de um campeonato em que a sua equipa, dos 24 jogos que disputou, apenas por uma vez saiu derrotada. No próximo ano pode seguir com este mesmo grupo de trabalho para a equipa B de infantis.

“O elevado número de equipas participantes também contribuiu
para que se fizesse um bom trabalho”

Tribuna Desportiva- O título que foi alcançado pela equipa de escolas do Desportivo de Castelo Branco foi o prémio para uma época de trabalho…
Filipe Roque- Sim, mas em primeiro lugar queria dar os parabéns à Associação de Futebol de Castelo Branco e a todos os clubes participantes pelo elevado número de equipas que entraram no campeonato. Isso também contribuiu para que a nossa equipa fizesse um bom trabalho, porque foram muitos meses de trabalho em que fizemos 24 jogos e apenas perdemos por uma vez. Mas não são só os resultados que interessam, apesar de ser sempre bom ser campeão distrital.
TD- Antevê um bom futuro para este grupo com que trabalhou?
FR- Acredito que sim, não só pelos resultados que conseguimos mas pelo trabalho que eu vejo nos treinos, e vê-se que há neste grupo atletas com um bom futuro.
TD- Foi um campeonato muito discutido com o Valongo mesmo até à última jornada…
FR- Sim, e queria aproveitar também para das os parabéns ao Valongo. Acho que é bom haver disputa até à última jornada o que significa que não há só um clube. Foram dois clubes mas ainda deveriam ser mais a lutar até ao fim. Se houver jogos em que a disputa é de igual para igual as crianças evoluem mais, e se são sempre os mesmos a ganhar e se há resultados muito desnivelados, isso quer dizer que as coisas são desequilibradas. Assim, pelo menos houve duas equipas, e não retirando mérito às outras, é sinal que houve alguns jogos de grande nível.
TD- E o facto de serem duas equipas de Castelo Branco prova também que se está a trabalhar bem na formação, tanto no Desportivo como no Valongo…
FR- Sim, isso é verdade. Não quero aqui puxar a brasa à minha sardinha mas, e falando mais pelo Desportivo, também temos que dar o mérito aos professores. Acho que nós temos uma acção pedagógica sobre os miúdos, não só por sermos professores mas porque sabemos lidar com as crianças, os métodos de treino que se devem usar e as cargas de treino adequadas a dar. Não tirando o mérito a outros treinadores que não são professores mas, aqui em Castelo Branco estamos virados para esse tipo de trabalho que, a meu ver, dá mais frutos, porque nós trabalhamos todos os dias com crianças, sabemos como lidar com elas e sabemos o que eles gostam e não gostam.

“Ser professor de Educação Física não é decisivo, mas ajuda muito”

TD- Acha então muito importante, nestas idades, ser um professor de Educação Física a trabalhar com os miúdos…
FR- Há sempre excepções. Nós sabemos que há pessoas ligadas ao futebol que têm muitas qualidades para trabalhar com as crianças só que, na minha opinião, tem que se ter uma determinada sensibilidade. Por vezes nós vemos os pais que se exaltam um pouco cá fora do campo, mas acho que isso também faz parte, porque nós, até mesmo nos intervalos das aulas, só a jogar uma turma contra a outra vemos sempre aquela vontade de ganhar. Não quero dizer que é decisivo ser professor de Educação Física, mas ajuda muito.
TD- Vai seguir com esta equipa para os infantis?
FR- Eu estou a contar com isso, mas o futuro profissional o dirá.
TD- Concorda com os campeonatos em que há fase final e as equipas acabam por se encontrar quatro vezes com o mesmo adversário?
FR- Desde que haja o objectivo de proporcionar mais jogos às crianças é bom, e se possível com equipas mais equilibradas. Num jogo em que ganhamos por 20-0 nenhuma das equipas tem evolução. A que perde sai desmotivada e a que ganha não foi obrigada a um grande esforço. Desde que haja jogos equilibrados tanto faz jogar 10 vezes como 4 vezes. Quanto mais jogos equilibrados houverem melhor é para as crianças.

“Com as equipas divididas por idades é mais fácil despontar o talento”

TD- Na próxima temporada esta equipa vai subir a infantis B, o que quer dizer, em teoria, que não será candidata ao título, uma vez que depois ainda terá mais um ano de infantil…
FR- Na idade dos infantis é quando eles dão o salto para a puberdade. Nós temos infantis já com a altura de um jovem de 15 ou 16 anos e temos ainda os mais pequenos. No Desportivo, como nós trabalhamos por idades, todos eles têm 11 anos. Alguns deles ainda não deram o salto e, como é sabido, no futebol conta muito o factor físico.
TD- O trabalho por idades é a opção mais correcta, em detrimento de fazer equipas com idades misturadas?
FR- Na minha opinião é, porque normalmente uma criança mais nova joga menos que uma mais velha porque há sempre a questão física. Desta maneira essa criança joga sempre. Pode haver um talento de 11 anos que, jogando com os de 12 anos, acaba por ser igual a eles. Penso que, da maneira que estamos a trabalhar, há mais possibilidades de despontar um jovem talento.
TD- Mas depois também há o factor psicológico das equipas mais novas perderem mais do que ganham…
FR- Sim, pode acontecer, mas mesmo assim acho que esta é mesmo a melhor forma de trabalhar na formação.
TD- Isso também permite um maior entrosamento entre os miúdos porque vêm desde muito pequenos todos juntos…
FR- E não só, porque o espírito de equipa que eles criam também é mais forte.
Aí está um novo treinador de novos campeões. Filipe Roque espera continuar a trabalhar com este grupo, mas agora com a equipa B do Desportivo no distrital de infantis. Mas isso ainda depende de questões profissionais.

ENTREVISTA A JOSÉ CURTO, TREINADOR AD ALBICASTRENSE


“Nunca esperei decidir a permanência no último jogo da época”

A conversa com o técnico da Associação Desportiva Albicastrense foi mantida depois do embate com o Liceu Camões que acabou por “dar” a permanência na 1ª Divisão Nacional. A ADA, ao longo da temporada 2005/06 foi sempre uma equipa muito irregular, tendo períodos bons, como a presença na final-four da Taça Presidente da República, e outros muito maus, obrigando a equipa a esperar pela última jornada da fase final para saber se conseguia ou não a manutenção.

“Uma equipa que não treina tem sempre muitas dificuldades”

Tribuna Desportiva- Esta foi uma época longa, difícil e decidida num jogo…
José Curto- Sim, mas eu nunca pensei que chegássemos a este ponto. Nós já sabíamos que uma equipa que não treina tem muitas dificuldades. Fomos uma equipa muito irregular que oscilou sempre entre o melhor e o pior. Tivemos jogos horríveis, em que ninguém se acertava, e depois fomos ganhar, tanto na 1ª fase como na 2ª, ao campo do 1º classificado. Isto quer dizer que a equipa tem qualidade, mas quando não se treina, acontecem épocas destas. O desporto é assim.
TD- Uma das fases negativas da ADA coincidiu com a presença na final-four da Taça Presidente da Républica. O desgaste da Taça pesou também nos jogos do campeonato?
JC- Não. Houve apenas um jogo em que nós talvez estivéssemos a pensar na final-four. De qualquer maneira nós temos jogadores com uma determinada estrutura que não pensam nisso. Eu penso que, quando nós oscilámos foi mesmo por falta de treino físico. Já não é com esta idade e com os jogadores que temos que se vai influenciar um jogo a pensar noutro.
TD- O início da 2ª fase foi igualmente muito mau e, curiosamente, veio depois de uma longa paragem…
JC- Esse é o problema do campeonato para equipas como a nossa que vão adquirindo a forma com o tempo. Tivemos duas paragens muito longas e, em dois meses, se não me engano, jogamos 2 jogos. Para uma equipa que pouco treina é difícil chegar à forma ideal.

“Temos as nossas responsabilidades e não vamos apear-nos delas”

TD- Em relação ao futuro o que é que já se pode adiantar?
JC- Em termos seniores vamos tentar ficar com a equipa que temos e melhorá-la, se possível. A direcção da ADA ficou também muito contente por termos uma equipa de iniciados que subiu para a 1ª divisão e temos os infantis, onde andam cerca de 20 miúdos a treinar, e portanto estamos a preparar o clube para o futuro.
TD- Neste momento não se põe se quer em causa a continuidade da Associação Desportiva Albicastrense…
JC- Não. Nós gostamos muito de ganhar mas, acima de tudo, gostamos muito de andebol. Temos as nossas responsabilidades e não vamos apear-nos delas.
TD- O Curto vai continuar como treinador?
JC- A porta por onde entrei é a mesma por onde poderei sair. Não ganho nada com isto, ando aqui por gosto e, em princípio, também não temos disponibilidade financeira para ir buscar um treinador. Nós, dentro das nossas limitações, vamos manter o grupo e, portanto, continua tudo na mesma.
TD- Com o final da Divisão de Elite a 1ª Divisão pode vir a ficar mais forte no próximo ano…
JC- Ou poderá acontecer como fizeram nos femininos em que fizeram uma série de fases. Neste momento não posso adiantar nada porque não tenho conhecimento absolutamente de nada.
TD- Qual é neste momento o ponto da situação em relação à situação do António Mata?
JC- A situação está em inquérito e vão ser apuradas as responsabilidades.
José Curto no balanço de uma época atribulada em termos de resultados que culminou com a manutenção na 1ª Divisão conseguida na última jornada. O objectivo é agora manter o mesmo grupo e, se possível, reforçá-lo.

TROFÉU INTER-REGIONAL DE AUTOCROSS/KARTCROSS E MOTO 4


Etapa de Castelo Branco corre-se no domingo

Depois de disputadas as primeiras duas provas do Troféu Inter-Regional de Autocross/Kartcross e Moto 4 é a vez de Castelo Branco receber a 3ª etapa do Troféu no próximo sábado no Parque de Desportos Motorizados situado na recta do Lanço Grande.
Numa organização conjunta da secção de desportos motorizados da Associação Desportiva Penamacorense e do Clube 5 Quinas, do Sabugal, o Troféu contou até agora com 2 provas já realizadas, uma em Penamacor e outra no Sabugal, e a Castelo Branco chegam na liderança do Troféu Alípio Leão, na tracção dianteira do Autocross, João Rabaço, na tracção traseira, e Pedro Rabaço, na tracção integral. No troféu de Moto 4, à chegada a Castelo Branco o líder é Élvio António, na classe Q1 (até 400 cc) e Valério Gonçalves, na Q2 (mais de 400 cc).
Domingos Mota, responsável pela organização em representação da ADEP, referiu que “depois do sucesso do ano passado em que tivemos 3 provas em Penamacor e 2 no Sabugal, decidimos este ano alargar esta organização a Castelo Branco”. Numa competição que não faz parte do calendário oficial da FPAK, Domingos Mota, lembrou a esse propósito que “embora não seja uma prova federada nós conseguimos trazer mais gente e manter os padrões de segurança”. Neste capítulo os Bombeiros Voluntários das localidades onde decorrem as provas são informados do evento e destacam para o local os meios que entenderem necessários.
Para já estão garantidos 35 inscritos entre as 3 categorias do Autocross e Moto 4 mas Castelo Branco será a última prova onde os interessados se podem inscrever de forma a participar no Troféu. É assim possível que se estreie na capital do distrito a prova de Ralycross que até ao momento ainda não teve inscritos. Quem desejar participar nas contas do Troféu terá que desembolsar 100 € e depois pagar 35 € de inscrição em cada prova que vier a participar.
Rui Nabais, elemento responsável pela organização da etapa de Castelo Branco e que vai ser o director de prova referiu que “espero uma boa adesão de público e de pilotos. O Troféu ainda está a meio e em Castelo Branco devemos assistir a uma prova muito competitiva e com muito espectáculo”.As restantes 3 provas disputam-se em Penamacor nos dias 23 de Julho e 1 de Outubro e no Sabugal no dia 10 de Setembro.